Com investimento de mais de R$ 1,4 milhão, iniciativa pretende reduzir custos dos produtores e fortalecer a agricultura familiar no estado.
O Acre iniciou uma nova fase na modernização da sua produção de alimentos com o lançamento da pedra fundamental do primeiro Laboratório de Agricultura 4.0 do estado. O evento, realizado nesta quinta-feira (6), no Campus Rio Branco Baixada do Sol do Instituto Federal do Acre (Ifac), marca um avanço estrutural e tecnológico inédito para a agricultura local.
O projeto é fruto de um convênio no valor total de R$ 1,42 milhão. Desse montante, R$ 1,18 milhão são recursos da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e R$ 241 mil correspondem à contrapartida econômica do Ifac. A Fundação de Educação, Tecnologia e Cultura da Paraíba (Funetec-PB) é responsável pela gestão do projeto.
A diferença entre a produtividade agrícola acreana e a média nacional revela o impacto que a iniciativa pretende enfrentar. Em 2024, a produção média de café Conilon no Acre foi de 25 sacas por hectare, enquanto a média nacional chegou a 44,3 e, em Rondônia, alcançou 50,2 sacas por hectare.
A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, destacou que a criação do laboratório soluciona um gargalo histórico da agricultura acreana que é a ausência de infraestrutura para análise de solo. Atualmente, os produtores precisam enviar amostras para outros estados, o que encarece o processo e atrasa o manejo adequado das lavouras.
“O trabalho que estamos fazendo pela ABDI, no governo do presidente Lula, é fortalecer a industrialização da produção da agricultura familiar e do cooperativismo. Temos investido nas cadeias do café e do açaí, mas tudo começa no solo. E se o produtor não conhece o solo que cultiva, ele perde produtividade e renda. Este laboratório vem justamente para resolver esse gargalo — é um investimento direto na base da produção, que garante o sucesso e a sustentabilidade das indústrias que estamos construindo no Acre”, afirmou.
Ela também ressaltou o caráter estratégico da iniciativa para o pequeno produtor. “Estamos entregando ao produtor familiar uma ferramenta para ele entender o que a sua terra precisa. Assim, ele produz mais, gasta menos e cuida do futuro da sua propriedade e da nossa Amazônia.”
O reitor do Ifac, Fábio Storch, celebrou a parceria com a ABDI e afirmou que o laboratório impulsionará a pesquisa aplicada e a formação técnica no estado. “Este laboratório irá impulsionar iniciativas e pesquisas, com destaque para as pesquisas relacionadas aos solos, nas quais já estamos trabalhando para a estruturação de espaços. A instalação do Laboratório Agro 4.0, através da parceria com a ABDI, complementa este trabalho, e somos muito gratos por este investimento.”
Tecnologia e precisão no campo
O novo complexo contará com dois laboratórios principais, o de Análise de Solos e de Tecido Vegetal e o de Máquinas e Implementos Agrícolas. A estrutura será equipada com tecnologia de ponta para análises avançadas e aplicação prática em campo.
Entre os equipamentos previstos estão um Espectrofotômetro de Absorção Atômica, avaliado em R$ 438 mil, considerado o núcleo da análise de solos; um trator agrícola de 100 cavalos, no valor de R$ 360 mil, adaptado à agricultura de precisão; e um drone de R$ 43 mil para mapeamento e georreferenciamento.
Para o produtor e presidente da Cooperativa de Agricultura e Economia Solidária do Vale do Baixo Acre (Coopaes), Antônio Werneck, o laboratório representa um marco para a agricultura acreana. “A análise do solo é fundamental, o ponto de partida. Sem ela, a agricultura seria como plantar sem planejamento, confiando apenas na sorte. Com a análise, poderemos ter uma produção mais precisa, aumentar a rentabilidade e melhorar a qualidade de vida dos agricultores.”
Com duração prevista de 24 meses, o projeto busca garantir a autossustentabilidade do laboratório. Após sua conclusão, o Ifac será responsável pela manutenção dos equipamentos, e os serviços de análise de solo serão oferecidos a preços acessíveis por meio de uma fundação de apoio, sem fins lucrativos.


