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Edvaldo Magalhães denuncia abandono da educação rural no Acre e critica resposta do governo

Parlamentar afirma que situação precária nas escolas do interior é recorrente e acusa o governo de priorizar interesses comerciais em detrimento dos estudantes mais pobres.

Na sessão da Assembleia Legislativa (Aleac), desta terça-feira (10), o deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) criticou duramente a atuação da Secretaria de Estado de Educação (SEE) em relação ao ensino rural no Acre. Segundo o parlamentar, o descaso com escolas localizadas em áreas isoladas do estado já se tornou “regra”, e não exceção.

A crítica ganhou força após uma reportagem exibida no programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (9), que mostrou as condições precárias da Escola Limoeiro, no município do Bujari, onde alunos assistem às aulas em um curral. A escola é de responsabilidade do governo do Acre.

“Domingo o Acre e o Brasil assistiu a uma matéria no programa Fantástico tratando das condições de ensino rural como recorte para uma situação específica no município do Bujari, numa escola de responsabilidade do estado do Acre. Aquele recorte e aquela matéria, apressaram-se os apagadores de incêndio, os bombeiros do governo, de tentar passar uma ideia de que era uma exceção. Se tivermos o mínimo de honestidade política neste plenário, somos testemunhas neste semestre de falas da deputada Antônia Sales, do deputado Emerson Jarude, da deputada Michele, do presidente da Comissão de Educação, Gilberto Lira, de vários deputados, inclusive do nosso vice-líder do Eduardo Ribeiro. É regra o abandono que a Secretaria de Educação faz ao ensino rural do estado do Acre”, afirmou Magalhães.

O deputado citou como exemplo o caso de Marechal Thaumaturgo, onde, até o final de maio, o ano letivo ainda não havia começado por falta de transporte escolar e professores. Problemas semelhantes, segundo ele, também ocorrem em Porto Walter, Cruzeiro do Sul e Sena Madureira.

“Eu mesmo apresentei, no final do mês de maio, as aulas não tinham dado início por falta do transporte escolar e por falta de professores em Marechal Thaumaturgo. Do mesmo jeito acontece em Porto Walter, na zona rural de Cruzeiro do Sul, em Sena Madureira”, disse o parlamentar.

Magalhães também criticou a justificativa dada pela SEE sobre a situação da escola em Bujari. Segundo ele, o governo culpou as mudanças climáticas e até os pais dos alunos pelo funcionamento da unidade em um curral improvisado.

“Condenaram os jovens a continuar daquele jeito. Porque, no fundo, a culpa é das mudanças climáticas, é do Padeiro e, mais ainda, é dos pais dos alunos, que insistem em estudar. Isso é um crime que se comete”, declarou.

Contratos milionários sem licitação

Durante o discurso, o deputado também relembrou denúncias sobre contratos do governo estadual, feitos por meio de “carona” em atas de outros estados — sem licitação própria. Segundo ele, uma dessas contratações, com uma empresa do Maranhão, envolveu quase R$ 25 milhões para reformas de escolas, compra de livros e plataformas educacionais voltadas ao Enem.

“Quando há interesse no negócio, tudo se resolve rápido. Não precisa de licitação demorada, nem de reunião longa. Mas, quando se trata dos pobres, a resposta é sempre a mesma: ‘vai continuar assim até a gente terminar não sei o quê’”, concluiu.

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