Por Tácio Júnior
Se a grande razão da vida é viver, em que curva nos perdemos a ponto de esquecer o caminho?
Sim, porque a depender de como temos lidado com esse dom raro — e, ainda assim, banalizado — que é a vida, vale nos perguntar: quando foi que tudo começou a se perder? E mais: como e por quê fomos capazes de colocar tudo a perder?
E quando digo tudo, quero dizer exatamente isso: tudo mesmo.
Vivemos para viver, é verdade. Mas um dos paradoxos mais cruéis da existência é que, em algum ponto, deixamos de celebrar essa jornada para apenas temê-la. Passamos a viver como quem corre rumo ao fim. Como quem esquece que existe um agora entre o início e o fim.
A morte, sabemos, é o ponto final. Mas a vida, essa sim, é a história inteira — e precisa ser lida, sentida e escrita com mais presença.
Se o viver é viagem e o falecer é estação de chegada, por que será que passamos tanto tempo preocupados com o destino e tão pouco atentos ao trajeto?
A paisagem muda. O vento entra pela janela. Gente sobe, gente desce. Sorrisos e lágrimas se alternam nos vagões da existência. E a gente? Tantas vezes alheios à beleza da estrada, ocupados demais com o que virá — ou com o que já se foi.
A verdade é que ninguém sabe ao certo quando será sua próxima parada. Mas todos sabemos que haverá uma. E que não é possível adiar indefinidamente esse encontro.
Por isso, viva. Viva agora. Viva por inteiro.
Permita-se sentir a brisa do presente, a companhia dos que te cercam, a profundidade dos instantes que parecem pequenos, mas que, no fim, são o que realmente contam. Porque viver, de verdade, é isso: saborear a jornada, mesmo sem saber quanto tempo ela durará.
A estação final? Essa é líquida e certa. Mas até lá, há tanto trem pra ver passar, tanto mundo pra se permitir viver.