Procedimento de alta complexidade foi realizado no Huerb, em Rio Branco, no último sábado (29).
Considerada mundialmente a “cirurgia do século” por transformar a vida de pessoas com osteoartrite avançada e graves limitações de mobilidade, a prótese de quadril voltou a demonstrar seu impacto direto nesta semana no Acre. No sábado (29), Edgleyson da Silva, de 39 anos, foi submetido ao procedimento no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb).
A intervenção transcorreu com sucesso e marcou o início de uma nova fase para o paciente, que há anos convivia com dor intensa e perda de autonomia.
A cirurgia teve duração aproximada de quatro horas. Agora em recuperação, Edgleyson se prepara para dar os primeiros passos já neste domingo (30), antes de iniciar o processo de reabilitação com acompanhamento da equipe de fisioterapia.
“Hoje eu estou aqui no Pronto-Socorro para realizar o meu sonho: fazer uma cirurgia da prótese do quadril. Eu não estava podendo caminhar, porque a dor atacava. Não podia andar. Pra levantar da cama, a minha companheira me ajudava, mas aí ficava bem difícil para mim”, relatou.

Natural de Plácido de Castro, Edgleyson fraturou o quadril ao andar a cavalo e, com o agravamento do quadro, decidiu buscar atendimento especializado. Além do alívio da dor, ele alimenta expectativas simples e profundamente simbólicas.
“Que eu volte a caminhar normalmente. Caminhar com minhas filhas. Tenho uma menina pequena, de sete anos, e ela sempre me cobra para ir embora caminhar. Aí não podia ir com ela, mas logo vou poder fazer isso, se Deus quiser. E eu já conversei com o médico e ele falou que é possível voltar a andar de cavalo, só que com moderação.”
O procedimento foi conduzido pelo ortopedista Demian Miziara, ao lado do também especialista Gleykn Trzeciak. Segundo Miziara, a escolha do tipo de prótese leva em conta idade, nível de atividade e expectativa de vida do paciente.
“Essa prótese é usada principalmente em pacientes jovens. É uma cirurgia que traz uma melhora da qualidade de vida realmente impressionante. Quando você coloca, é para o resto da vida do paciente e quando o paciente é jovem, abaixo de 60 anos, ele é mais ativo, tem mais tempo de longevidade, então a prótese precisa ser de materiais mais resistentes. É nessas situações que usamos a cerâmica. Tem outros tipos de materiais, como o polietileno com metal, mais indicado para quem tem acima de 60 anos, que é o padrão”, explicou.
De acordo com o médico, a realização desse tipo de cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Acre representa um avanço importante em termos de acesso à alta complexidade.
“Representa muito conseguir utilizar esse tipo de material de alta complexidade e não está na tabela para fornecimento em livre demanda, por isso, é preciso cumprir um processo jurídico e administrativo até a liberação. Os pacientes que passam por essa cirurgia normalmente têm um resultado excepcional. Recuperam a qualidade de vida. Hoje mesmo o Edgleyson já vai poder se sentar; amanhã ele começa a dar os primeiros passos, sempre com muito cuidado, porque os primeiros seis meses são delicados, mas com fisioterapia ele fortalece, estabiliza e depois leva praticamente uma vida normal”, ressaltou.
O secretário de Estado de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, destacou o significado do procedimento para além do resultado clínico. “Não é só uma cirurgia. É a devolução de dignidade, autonomia e esperança. Quando a gente vê um paciente jovem como o Edgleyson, que é um pai de família, voltando a sonhar com uma vida mais leve, algo que antes parecia impossível, entendemos o quanto vale cada esforço da nossa equipe e empenho pra concretizar o sonho desse paciente. A saúde pública tem desafios enormes, mas também tem histórias como a do Edgleyson, que nos lembram por que estamos aqui: para transformar vidas com cuidado, compromisso e humanidade.”
A equipe que participou do procedimento foi formada pelos médicos Demian Miziara e Gleykn Trzeciak, pelo anestesista Francisco Lopes, pelos instrumentadores Luiz Augusto da Silva e Elisete Gonçalves Santos, pela enfermeira Ediná Costa e pelas circulantes Marleide Aires e Lucia Dutra.
Com informações da Agência de Notícia do Acre.


