‘Estamos discutindo transparência’, dispara Kamai ao cobrar clareza em contrato da prefeitura com empresa de ônibus

Vereador denuncia “contrato nebuloso” com a Ricco Transportes e questiona uso de subsídios públicos no sistema.

O transporte coletivo de Rio Branco voltou ao centro do debate público nesta terça-feira (16), durante sessão na Câmara Municipal. O vereador André Kamai (PT) fez críticas à Prefeitura e à empresa Ricco Transportes, destacando a falta de transparência na gestão do sistema e no uso de recursos públicos destinados ao setor.

“Quando votamos o empréstimo para a compra dos ônibus, pedimos transparência. Sempre foi sobre transparência”, afirmou Kamai, lembrando que o Executivo havia prometido republicar o edital do transporte em até 20 dias, o que, segundo ele, não ocorreu. “Até hoje, nada. Nem eu, nem os colegas recebemos qualquer documento”.

O parlamentar citou ainda levantamento recente da Universidade de São Paulo (USP) que coloca Rio Branco na última posição entre as capitais brasileiras em transparência pública. Para Kamai, a prática da gestão municipal é restringir informações à sociedade e ao próprio Legislativo.

“A prefeitura chama de transparência colocar câmera em obra. Isso não é transparência. Transparência é mostrar onde está o dinheiro do subsídio e para onde ele vai”, criticou.

Kamai também acusou a Ricco Transportes de operar “clandestinamente” na capital, sem compromisso real de renovar a frota ou melhorar o serviço. “Estamos discutindo repassar mais dinheiro para uma empresa que entrou de forma irregular, sem se comprometer com qualidade mínima ao usuário. Isso é inaceitável”, declarou.

Segundo o vereador, há distorções graves na planilha de custos utilizada para justificar o valor da tarifa, incluindo a depreciação calculada com base em ônibus zero quilômetro avaliados em R$ 1,3 milhão, enquanto a frota em circulação tem de 7 a 10 anos de uso. “Aqui, com números, não se brinca. Desafio qualquer técnico da RBTrans a vir explicar cada índice dessa planilha diante da população. Duvido que consigam sustentar”, disse.

O debate recebeu apoio de outros parlamentares, como Fábio Araújo, que criticou o discurso oficial do Executivo sobre os subsídios. “Subsídio faz parte, sim, da tarifa social que o prefeito implanta. Estamos enganando o povo com discursos que não correspondem à realidade”, afirmou.

Kamai reforçou que sua atuação não é contra o usuário, mas em defesa dele. “Não confundam o debate. Ninguém aqui está defendendo aumento de passagem. O que defendemos é o direito da sociedade de saber como e onde seu dinheiro está sendo gasto. Estamos discutindo transparência. Só isso”, concluiu.

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