Semana Chico Mendes começa em Xapuri nesta segunda (15) com programação cultural e discussões sobre clima

Evento promovido pelo Comitê Chico Mendes marca o retorno dos debates da COP30 às bases da Amazônia e segue até 22 de dezembro no Acre.

A Semana Chico Mendes 2025 tem início nesta segunda-feira (15), em Xapuri, reunindo movimentos sociais, organizações socioambientais, pesquisadores e comunidades tradicionais em uma programação que segue até o dia 22, em diferentes municípios do Acre.

O evento, promovido pelo Comitê Chico Mendes, traz como tema “O Desaguar da COP30” e propõe levar para o território amazônico os debates e articulações construídos durante a conferência do clima (COP30), conectando a agenda global à realidade vivida nas comunidades da floresta.

A programação começa às 16h, com a Feira da Economia Solidária, em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, reunindo iniciativas locais como a CooperXapuri e o Doutor da Borracha. À noite, a partir das 18h, acontece a abertura oficial da Semana e às 19 tem a cerimônia do Prêmio Chico Mendes de Resistência, seguida de apresentações culturais e shows de artistas e grupos locais.

Para a organização, o evento representa um contraponto necessário aos grandes encontros diplomáticos. A articuladora do Comitê Chico Mendes, Karla Martins, avalia que, embora a COP30 não tenha produzido avanços significativos em pactos globais, houve um fortalecimento do movimento social, em especial nas Amazônias.

“Esse fortalecimento se deu no sentido de pensar coletivamente ações para pressionar por justiça climática e enfrentamento às mudanças do clima. Agora, o desafio é fazer com que esse debate deságue nos territórios”, afirma.

A escolha de Xapuri como ponto de partida não é casual. O município concentra parte fundamental da história da luta socioambiental no país, berço de lideranças como Chico Mendes, Wilson Pinheiro e Marina Silva. Para Karla Martins, realizar a abertura na cidade é uma reafirmação política e simbólica.

“Xapuri sempre teve essa importância. É ali, na divisa com a Bolívia, às margens do rio, que começa um episódio decisivo da história acreana e brasileira”, relembra.

Na terça-feira (16), ocorre um dos momentos mais marcantes da semana, a caminhada solene que sai às 7h da Casa de Chico Mendes em direção ao túmulo do líder seringueiro. O dia também conta com mesas de debate, exibição do filme Juruá: Memórias de um Rio, do Greenpeace Brasil, e atividades voltadas à juventude e aos povos tradicionais.

A programação em Xapuri segue até o dia 18 de dezembro, com oficinas temáticas, debates sobre cooperativismo, educação financeira, políticas públicas e uma imersão na Reserva Extrativista Chico Mendes. A atividade inclui a Trilha Chico Mendes, realizada em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e exige inscrição prévia por conta das vagas limitadas.

O desaguar em Rio Branco e Brasiléia

A partir de 19 de dezembro, a Semana Chico Mendes chega a Rio Branco, ampliando o debate para temas ligados a direitos humanos, tecnologia e futuro. Estão previstas oficinas sobre inteligência artificial, dados e infraestruturas sob a perspectiva dos direitos humanos, além de atividades formativas no Escritório do Comitê Chico Mendes e no Sesc Centro.

Ainda no dia 21, a programação segue para Brasiléia, com o aniversário do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, reunindo atividades culturais e políticas no Centro Cultural do município.

O encerramento acontece em 22 de dezembro, data que marca os 37 anos do assassinato de Chico Mendes. Em Rio Branco, a agenda continua e inclui a mesa “Direitos Humanos e Justiça Climática”, no Museu dos Povos Acreanos, e o ato “Legado de Luz”, à noite, na Praça Povos da Floresta, reunindo organizações, movimentos sociais e a população em um momento coletivo de memória e reflexão.

Realizada com o apoio de diversas organizações e parceiros nacionais e internacionais, a Semana Chico Mendes 2025 se propõe como um espaço de intercâmbio e construção coletiva. Para a organização, o evento é um convite aberto à sociedade acreana e aos observadores de outros territórios.

“É um momento para refletir sobre como inspirar, agir e atuar socialmente no tempo presente. Precisamos de pactos sociais relevantes, e esse encontro é parte desse esforço”, conclui Karla Martins.

Confira a programação completa:

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