Desde 2006, capital não registrava transbordamento do rio no mês de dezembro; mais de 2 mil pessoas já foram afetadas pela enchente
O Rio Acre voltou a transbordar em Rio Branco e alcançou, nesta segunda-feira (29), a marca de 15,36 metros, consolidando a segunda cheia do ano e ampliando o cenário de emergência na capital acreana. De acordo com o boletim da Defesa Civil Municipal, o nível do rio era de 15,32 metros às 5h21 e continuou subindo, superando com folga a cota de transbordo, fixada em 14 metros.
Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, desde 2006 o Rio Acre não transbordava no mês de dezembro em Rio Branco. “Fizemos uma pesquisa e, nos últimos 19 anos, não houve nenhum transbordamento em dezembro. O que chegou mais perto foi em 2019, quando o rio atingiu 13,73 metros no dia 23”, explicou.
O avanço das águas já provoca impactos diretos na vida da população. Dados atualizados às 6h desta segunda-feira apontam que 135 famílias, totalizando 364 pessoas, estão acolhidas em abrigos provisórios montados pelo poder público em escolas e espaços culturais da cidade. Ao todo, cerca de 2 mil pessoas foram atingidas de alguma forma pela enchente, e aproximadamente 300 residências estão alagadas em 15 bairros.
As escolas têm sido adaptadas como estruturas emergenciais para receber as famílias que precisaram deixar suas casas. Entre os locais de acolhimento estão as escolas municipais Álvaro Vieira Rocha, Anice Jatene e Maria Lúcia, além das escolas estaduais Georgette Kalume e Marilda Gouveia. O Centro de Cultura Mestre Caboquinho concentra o maior número de desabrigados: 75 famílias, somando 130 pessoas.
Mesmo com o registro de apenas 7 milímetros de chuva nas últimas 24 horas, o Rio Acre segue em elevação. No domingo (28), o nível já havia atingido 14,94 metros, às 9h. A Defesa Civil destaca que o atual cenário é reflexo das chuvas intensas entre quinta-feira (25) e sexta-feira (26), quando foram acumulados 171 milímetros, provocando o transbordamento de igarapés, alagamentos em bairros das partes alta e baixa da cidade e danos à infraestrutura urbana.
Entre os problemas registrados estão rompimento de vias, isolamento de ruas e deslizamentos de terra. Ainda no domingo, Falcão informou que 237 famílias precisaram ser retiradas de suas casas, sendo 34 encaminhadas para abrigos e 39 acolhidas por parentes ou amigos. “Já estamos montando um abrigo no Parque de Exposições para atender novas ocorrências”, afirmou.


