Quadrilheiros cobram respeito, repasse de recursos e valorização da cultura junina em Rio Branco.
O Movimento Junino do Acre, representado por grupos tradicionais e a Liga de Quadrilhas Juninas do Acre (Liquajac), divulgou uma nota pública nesta terça-feira (15) repudiando declarações do presidente da Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil (FGB), publicadas no site ac24horas. O gestor teria desqualificado as reivindicações do setor cultural ao afirmar que o movimento busca “nobreza” ou “regalias”.
“Todos os anos nós somos parceiros no circuito junino, mas a Liga este ano tem R$ 300 mil para fazer o circuito junino, eles não falam. Queriam uma contrapartida da FGB, e vamos dar essa contrapartida no som, tendas e banheiros químicos, como sempre foi. Agora, eles querem algo de nobreza, ninguém tem recursos, porque você sabe como foi a alagação, tivemos que ajudar no resgate de vidas humanas”, afirmou Klowsbey Pereira ao Ac24horas.
Na nota, os fazedores de cultura classificam a fala como desrespeitosa e reafirmam que lutam apenas por reconhecimento, respeito e por políticas públicas que assegurem a continuidade do circuito junino na capital acreana.
“O que exigimos é o mínimo: respeito, diálogo e políticas públicas que garantam a continuidade de uma das manifestações culturais mais importantes da nossa identidade acreana”, diz o documento.
O movimento também denuncia a ausência de previsão para o repasse de R$ 300 mil, recursos já aprovados via edital da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), voltados ao apoio das quadrilhas participantes do Circuito Junino de Rio Branco.
Segundo os grupos, a não realização do calendário junino — ou sua execução de forma improvisada — afeta diretamente a participação em concursos, o acesso das comunidades à cultura e a movimentação da economia local. O impacto atinge principalmente as periferias, onde o trabalho das quadrilhas é associado à inclusão social, prevenção à violência e geração de oportunidades para jovens em situação de vulnerabilidade.
“O calendário junino representa um projeto de vida, de dignidade e de transformação social para centenas de jovens, adultos e famílias”, enfatiza a nota.
Os quadrilheiros destacam que o movimento junino é Patrimônio Cultural reconhecido em nível estadual e federal, e pedem planejamento e valorização igualitária dentro da política cultural do município.
Por fim, os grupos reforçam estar abertos ao diálogo, mas exigem respeito à história e aos valores que sustentam a tradição junina no estado.
Assinam a nota nove quadrilhas juninas tradicionais, além da Liquajac, entidade representativa do movimento no Acre.