Partido afirma que acusações de cobrança de propina são “falsas e irresponsáveis” e defende legado dos ex-governadores petistas do Acre
O Partido dos Trabalhadores do Acre (PT-AC) divulgou nesta sexta-feira (31) uma nota oficial em que repudia as declarações do deputado federal Coronel Ulysses Araújo (UB), feitas durante uma entrevista ao podcast Papo Informal, nessa quinta-feira (30). Na ocasião, o parlamentar acusou antigos governos petistas de cobrarem propina de empresas privadas durante suas gestões no estado.
Em nota intitulada “Em defesa da verdade, da honra e da história do Acre”, o PT classificou as falas do deputado como “falsas, levianas e irresponsáveis”, afirmando que não há qualquer prova documental ou testemunhal que sustente as acusações. O partido destacou que nenhum dos ex-governadores Jorge Viana, Binho Marques ou Tião Viana foi investigado, indiciado ou denunciado por corrupção.
“Todos governaram sob a mais estrita observância da legalidade, deixando legados reconhecidos de probidade, eficiência administrativa e avanços sociais”, diz o comunicado assinado pelo presidente estadual da sigla, André Kamai.
O texto ressalta que, em 2014, quando teria ocorrido a suposta cobrança de propina mencionada por Ulysses, o então coronel ocupava cargo de comando na Polícia Militar, sob a estrutura da Secretaria de Segurança Pública do próprio governo que hoje acusa.
O partido argumenta que, caso tivesse conhecimento de algum crime, ele tinha obrigação legal de denunciá-lo ou efetuar prisão em flagrante, conforme previsto no Código Penal Militar e no Código de Processo Penal.
“Se houvesse ocorrido a suposta ‘chantagem’ que ele menciona, a omissão do coronel seria, por si só, ato de conivência e prevaricação — o que reforça a incoerência de suas palavras”, afirma o documento.
O PT-AC também lembrou que o deputado foi promovido a subcomandante-geral da Polícia Militar em 2016, nomeado pelo então governador Tião Viana, o mesmo que hoje é alvo das acusações. Segundo o partido, durante o período em que ocupou cargos de chefia, Ulysses nunca apresentou denúncia formal sobre os supostos crimes que agora relata.
Na nota, a legenda ainda cita possíveis conflitos de interesse envolvendo a empresa Estação VIP Segurança Privada Ltda., de propriedade da esposa do deputado. A empresa, segundo o PT, manteve contratos milionários com o governo atual, que teriam se tornado alvo de investigações do Ministério Público do Acre por supostas irregularidades em licitações.
Para o partido, a conduta do parlamentar reflete uma tentativa de “criar falsos inimigos políticos” e de “distorcer fatos com base em narrativas de ódio e oportunismo eleitoral”.
Medidas judiciais
O PT-AC informou que acionará a Justiça e o Ministério Público para responsabilizar o deputado pelas declarações. O partido pretende ingressar com ações nas esferas cível e criminal por calúnia e difamação, pedindo reparação pelos danos causados.
“A verdade e o respeito à biografia dos que construíram o Acre democrático e justo prevalecerão sobre o revisionismo político e a mentira deliberada”, conclui o texto.
O que disse o deputado
Na entrevista, o parlamentar afirmou que empresas privadas teriam sido “chantageadas” durante governos petistas no Acre e citou, entre elas, uma empresa de segurança de propriedade de sua esposa. Segundo Ulysses, a empresa Estação VIP Segurança Privada Ltda., de sua esposa, teria sido uma das vítimas do suposto esquema.
“A empresa foi chantageada. Estava com seis meses sem receber os recursos do governo, mais de três milhões e meio. Se não fizesse a reunião, não receberia. Era assim que funcionava. Se você não apoiasse, não recebia”, afirmou Ulysses.
O parlamentar disse ainda que, à época, teria sido convocada uma reunião política na sede da empresa, sem sua participação, em apoio à reeleição do então governador Tião Viana (PT). Segundo ele, o encontro teria sido motivado por pressão de membros do governo estadual.
“Eu não sou dono da VIP. A proprietária é minha esposa, Diana Menezes. Ela é responsável administrativa e financeira. Houve a decisão de apoiar simplesmente porque a empresa foi chantageada. Não havia outra saída”, declarou.
Ulysses comparou as antigas gestões petistas com as administrações atuais do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PP), e do governador Gladson Cameli (PP), elogiando-os por, segundo ele, não praticarem esse tipo de conduta.
“Quero fazer um elogio ao Bocalom e ao Gladson. São governos que nunca foram na empresa pedir propina, nunca chantagearam. Esse tipo de situação acontecia no governo do PT, e não apenas com a VIP, mas com várias empresas”, afirmou o parlamentar.
Ele também negou ter mantido qualquer vínculo político com o PT. “Nunca fui filiado ao PT, nunca votei em candidato do PT, nunca fiz campanha para o PT. Trabalhei como oficial da Polícia Militar, que é um cargo de Estado, não de governo. Quando fui convidado para atuar na segurança do Jorge Viana, nem o conhecia. Depois de dois anos, pedi para sair porque vi o que era o PT”, disse.
Confira nota na íntegra
Em defesa da verdade, da honra e da história do Acre
O Partido dos Trabalhadores do Acre (PT-AC) repudia com veemência as declarações falsas, levianas e irresponsáveis feitas pelo deputado federal e coronel da reserva da Polícia Militar, Ulysses Araújo, durante entrevista ao podcast Papo Informal, em 30 de outubro de 2025, nas quais acusa os governos petistas de suposta cobrança de propina a empresas privadas.
As afirmações proferidas pelo deputado carecem de qualquer lastro probatório, documental ou testemunhal, constituindo mera tentativa de distorcer fatos e manchar reputações com base em narrativas políticas. Nenhum dos governadores do Acre eleitos pelo PT — Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana — jamais foi investigado, indiciado ou denunciado por corrupção. Ao contrário, todos governaram sob a mais estrita observância da legalidade, deixando legados reconhecidos de probidade, eficiência administrativa e avanços sociais.
Como agente público de carreira e comandante operacional da Polícia Militar em 2014 — à época coordenador de operações e comandante do CPO I (Comando de Policiamento Operacional I) — o então coronel tinha o dever legal de dar voz de prisão a qualquer servidor que, sob sua alegação, cometesse crime de concussão, extorsão ou corrupção. O artigo 319 do Código Penal Militar e o artigo 301 do Código de Processo Penal determinam que todo agente público tem obrigação de agir diante da prática de crime em flagrante.
Se, portanto, houvesse ocorrido a suposta “chantagem” que ele menciona, a omissão do coronel seria, por si só, ato de conivência e prevaricação — o que reforça a total incoerência de suas próprias palavras.
Em 2014, o coronel Ulysses integrava o próprio governo que hoje acusa. Naquele ano, exercia funções operacionais sob o comando da Secretaria de Segurança Pública, coordenando ações e operações da PMAC. Dois anos depois, foi promovido e nomeado subcomandante-geral da Polícia Militar do Acre pelo governador Tião Viana, a quem agora tenta difamar.
Ou seja, o mesmo coronel que hoje tenta se afastar do passado ocupou cargos de confiança e chefia dentro das gestões que acusa, sem jamais registrar denúncia formal, boletim de ocorrência ou comunicação oficial de crime.
É público que a empresa Estação VIP Segurança Privada Ltda., de propriedade de sua esposa, manteve contratos milionários com o Estado, por meio da atual gestão, que se tornaram objeto de investigação do Ministério Público do Acre por irregularidades em licitações e pagamentos — o que revela conflito de interesses entre sua atuação política e econômica.
As tentativas do parlamentar de criar falsos inimigos políticos não escondem o evidente conflito de interesses entre sua atuação como agente público, político e beneficiário indireto de contratos com o Estado.
O Partido dos Trabalhadores reafirma sua confiança na Justiça e no povo do Acre, que conhece a história, a seriedade e o legado dos ex-governadores Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana. Todos dedicaram suas vidas à reconstrução do Estado, com transparência, ética e compromisso público.
Não aceitaremos que narrativas sem prova, inspiradas no ódio político e no oportunismo eleitoral, atentem contra a honra de pessoas que serviram ao Acre com dignidade.
Diante de tal atitude criminosa, o PT-AC adotará as medidas judiciais cabíveis nas esferas cível e criminal, acionando a Justiça e o Ministério Público para as devidas reparações diante das declarações falsas proferidas.
A verdade e o respeito à biografia dos que construíram o Acre democrático e justo prevalecerão sobre o revisionismo político e a mentira deliberada.
Rio Branco (AC), 31 de outubro de 2025.
André Kamai
Presidente Estadual do Partido dos Trabalhadores – PT/AC


