Nota do partido afirma que voto da relatora se baseia em provas autônomas e afasta alegação de motivação político-partidária.
O Partido dos Trabalhadores (PT) no Acre divulgou uma nota pública na qual manifesta “profunda preocupação” com o julgamento do governador Gladson Camelí no Superior Tribunal de Justiça (STF), nesta quarta-feira (17).
Para a sigla, o processo em curso representa um episódio inédito e grave na história política do estado, ao colocar, pela primeira vez, um governador em exercício como réu em julgamento por crimes considerados de “alta gravidade” em instância superior.
Na avaliação do partido, o caso aprofunda um cenário de instabilidade política, econômica e social no Acre e não traz benefícios à população. A nota destaca que o julgamento expõe uma situação institucional delicada e classifica o momento como “triste para o povo acreano”.
“Trata-se de um episódio triste para o povo acreano, que não traz benefícios a ninguém e aprofunda um cenário de instabilidade política, econômica e social. Pela primeira vez na história do Acre, um governador em exercício torna-se réu e é julgado, em instância superior, por crimes de extrema gravidade, o que evidencia a dimensão inédita e alarmante do momento vivido pelo Estado”, diz a nota.
O PT também buscou esclarecer pontos jurídicos que, segundo a legenda, têm sido alvo de desinformação. De acordo com a nota, a ministra relatora Nancy Andrighi foi “categórica ao afirmar que o julgamento dos crimes imputados ao governador no STJ não é afetado pelos Habeas Corpus em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionados a Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Conforme o partido, as provas que embasaram o voto condenatório são autônomas e resultam de diligências autorizadas pelo próprio STJ, auditorias da Controladoria-Geral da União, mensagens de texto e áudio, contratos formalmente assinados e operações financeiras consideradas ilícitas envolvendo empresas ligadas à família do governador.
“As provas que fundamentaram o voto condenatório resultam de diligências regularmente autorizadas pelo próprio STJ, com base em auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU), mensagens de texto e áudio dos envolvidos, contratos formalmente assinados e operações financeiras ilícitas envolvendo empresas ligadas à família Cameli. São provas robustas, autônomas e desvinculadas dos RIFs questionados no STF”, continua.
No voto apresentado à Corte Especial, a ministra Nancy Andrighi defendeu a condenação de Gladson Cameli a 25 anos e 9 meses de prisão em regime inicial fechado, além de multa e perda do cargo.
Segundo a nota do PT, a relatora apontou o governador como líder de uma organização criminosa que teria desviado recursos públicos do Estado. A ministra também votou pelo afastamento imediato do chefe do Executivo estadual, medida que poderá ser analisada pelo colegiado após o recesso do Judiciário, sem necessidade de aguardar o trânsito em julgado.
Outro ponto ressaltado pelo partido é o fato de a investigação ter sido iniciada pela Polícia Federal (PF) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Cameli à época. Para o PT, “esse dado reforça o caráter técnico e institucional das apurações e afasta a tese de perseguição político-partidária.”Esse fato afasta qualquer tentativa de atribuir motivação político-partidária às investigações e reforça o caráter técnico e institucional do trabalho realizado pelos órgãos de controle e justiça”.
A legenda relaciona ainda o julgamento ao que classifica como “consequências sociais da atual gestão”, citando falta de investimentos em áreas essenciais, precarização da saúde pública, dificuldades na educação e aumento da violência no estado.
“O julgamento revela, de forma dolorosa, o que de fato ocorreu no Acre nos últimos anos, as mazelas sociais, a falta investimentos em áreas essenciais, a precarização da saúde pública, as dificuldades na educação, o aumento vertiginoso da violência”.
Ao final da nota, o Partido dos Trabalhadores reafirma compromisso com a democracia, com o fortalecimento das instituições e com a defesa do interesse público. O texto afirma que o Acre “precisa virar essa página, reconstruir a confiança nas instituições e retomar um projeto de desenvolvimento que coloque as pessoas em primeiro lugar, com ética, transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos”.
Confira a nota na íntegra:
NOTA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES – PT/AC SOBRE O JULGAMENTO DO GOVERNADOR GLADSON CAMELI NO STJ
“O Partido dos Trabalhadores manifesta profunda preocupação diante da grave situação institucional vivida pelo Estado do Acre, em razão do julgamento do governador Gladson Cameli no Superior Tribunal de Justiça. Trata-se de um episódio triste para o povo acreano, que não traz benefícios a ninguém e aprofunda um cenário de instabilidade política, econômica e social. Pela primeira vez na história do Acre, um governador em exercício torna-se réu e é julgado, em instância superior, por crimes de extrema gravidade, o que evidencia a dimensão inédita e alarmante do momento vivido pelo Estado.
É importante esclarecer à sociedade que a Ministra Relatora Nancy Andrighi foi categórica ao afirmar que o julgamento dos crimes imputados ao governador no STJ não é afetado pelos Habeas Corpus em tramitação no Supremo Tribunal Federal relacionados a Relatórios de Inteligência Financeira do COAF. As provas que fundamentaram o voto condenatório resultam de diligências regularmente autorizadas pelo próprio STJ, com base em auditorias da Controladoria-Geral da União, mensagens de texto e áudio dos envolvidos, contratos formalmente assinados e operações financeiras ilícitas envolvendo empresas ligadas à família Cameli. São provas robustas, autônomas e desvinculadas dos RIFs questionados no STF.
A Ministra Nancy Andrighi, uma das mais respeitadas juristas do país, concluiu em seu voto pela condenação do governador Gladson Cameli a 25 anos e 9 meses de prisão em regime inicial fechado, além de multa e perda do cargo, por considerá-lo líder de uma organização criminosa que, segundo o voto e os autos do processo, saqueou os cofres públicos do Estado do Acre. A relatora também votou pelo afastamento imediato do governador, medida que poderá ser confirmada pela Corte Especial do STJ após o recesso, sem necessidade de aguardar o trânsito em julgado.
Cabe destacar, ainda, que toda a investigação teve início no âmbito da Polícia Federal durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Gladson Cameli à época. Esse fato afasta qualquer tentativa de atribuir motivação político-partidária às investigações e reforça o caráter técnico e institucional do trabalho realizado pelos órgãos de controle e justiça.
O julgamento revela, de forma dolorosa, o que de fato ocorreu no Acre nos últimos anos, as mazelas sociais, a falta de investimentos em áreas essenciais, a precarização da saúde pública, as dificuldades na educação, o aumento vertiginoso da violência.
O Partido dos Trabalhadores reafirma seu compromisso com a democracia, com o fortalecimento das instituições e com a defesa intransigente do interesse público. O Acre precisa virar essa página, reconstruir a confiança nas instituições e retomar um projeto de desenvolvimento que coloque as pessoas em primeiro lugar, com ética, transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos.
O julgamento segue após o retorno do Judiciário. Que a justiça seja feita.
Rio Branco-Acre, 17 de dezembro de 2025.
Partido dos Trabalhadores – PT/Acre”


