Evento acontece em Rio Branco e conecta 44 empresas acreanas a compradores internacionais de 18 países.
O programa Exporta Mais Amazônia começou nesta segunda-feira (29) na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, reunindo representantes de 18 países interessados em produtos da região amazônica. A iniciativa, promovida pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), busca conectar empresas brasileiras a compradores internacionais, destacando produtos compatíveis com a preservação da floresta.

Esta é a maior edição do programa desde 2023. Ao todo, mais de 70 empresas da região Norte do Brasil, sendo 44 do Acre, apresentam seus produtos a 25 compradores vindos da China, Peru, Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Índia, Chile, Irlanda, Reino Unido, Indonésia, Equador, Itália, Países Baixos, Suíça, Moçambique, Estados Unidos, Rússia, Bulgária e Japão. Entre os itens em exposição estão açaí, castanha-do-brasil, café robusta, frutas processadas, carne bovina e suína, farinha de mandioca, biojoias e artesanato sustentável.

“A Amazônia tem um potencial enorme de exportação, talvez o maior do Brasil, mas ainda exporta pouco. Hoje estamos colocando os produtos da região diante de grandes compradores internacionais. Não tenho dúvidas de que nas rodadas de negócios vamos fechar contratos que ajudarão a economia da Amazônia e do Acre. Este ano o Acre deve exportar mais de 100 milhões de dólares, o dobro do que exportava antes. Isso é só o começo de um trabalho que pode consolidar a bioeconomia que o mundo inteiro deseja, mas que só quem vive na Amazônia pode produzir”, afirmou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.
Segundo Viana, a presença dos compradores “não é turismo, é negócio. São grandes empresas internacionais que podem abrir novos canais de exportação para produtos amazônicos”.

Para empresários acreanos, o evento é um divisor de águas. Marcos Vieira, da Florisa Vinhos da Amazônia, ressalta que o programa é uma oportunidade para apresentar novas possibilidades de uso das frutas nativas. Criada em 2020, em Rio Branco, a vinícola utiliza açaí e cupuaçu colhidos por extrativistas em diferentes regiões do Acre. O objetivo é agregar valor aos produtos amazônicos, indo além do consumo imediato das frutas.
“Para nós, esse evento é uma chance de mostrar que é possível transformar as riquezas naturais em produtos inovadores, com potencial de conquistar mercados internacionais. Nossa expectativa aqui é que nossos produtos conquistem esses mercados”, explica.

Jonas Lima, presidente da Associação de Produtores de Café (Coopercafé), vê no encontro a chance de expandir as exportações do café acreano. “O impacto com certeza vai ser gigantesco. Ter aqui compradores do mundo inteiro abre novos horizontes para que possamos exportar nossos produtos. O exportador quer qualidade, e nós temos. Essa é a oportunidade de mostrar isso e fechar negócios que fortaleçam o setor do café no Acre”, destaca.

A artesã Rodney Paiva Ramos, da empresa Cores da Mata Biojoias, já representou o Acre em Lisboa e Bogotá e vê o Exporta Mais Amazônia como um passo estratégico para o artesanato local. Há 20 anos ela trabalha com reaproveitamento de madeira e sementes amazônicas para criar acessórios de moda e peças de decoração.
“Estar no meu estado é muito importante. Sempre digo que o artesão precisa de apoio, e a ApexBrasil tem feito isso. O presidente Jorge Viana sempre afirma que, onde ele estiver, o Acre também estará. Essa valorização é fundamental não só para os artesãos, mas para todos os empresários acreanos. Precisamos desse incentivo e de oportunidades para comercializar nossos produtos”, afirma.

O produtor José Rodrigues de Araújo, conhecido como Dr. da Borracha, também vê no evento uma chance de crescimento. Há quase duas décadas ele transforma borracha em artigos sustentáveis, gerando emprego para dez pessoas. “O nome já incentiva: Exporta Mais Amazônia. Nosso interesse é mostrar o produto para o mundo. Meu trabalho com a borracha não causa impacto ambiental e gera renda para a comunidade. O limite é o céu. Participar aqui é fazer o produto ser visto lá fora e ampliar nosso crescimento”, explica.

Entre os compradores internacionais, o moçambicano Romeu Matavel, representante da distribuidora Discom, demonstra interesse pelos produtos amazônicos.
“Trabalhamos com vários canais de distribuição, desde grandes redes de supermercados até o mercado informal, que em Moçambique representa mais de 80% do consumo. O açaí e a castanha-do-brasil são produtos com grande potencial, mas precisamos superar desafios logísticos para viabilizar importações regulares. A ideia é começar com pequenas quantidades e, aos poucos, construir uma relação sólida com os produtores do Acre. A distância é enorme, mas vemos oportunidades reais de negócios”, avalia.
A programação do Exporta Mais Amazônia segue até quarta-feira (2) com rodadas de negócios no Centro de Convenções da Ufac, consolidando o Acre como um dos protagonistas na exportação sustentável da Amazônia.