‘Porongaço’ dos Povos da Floresta ilumina Belém e leva mensagem à COP30

Com porongas acesas, mais de mil lideranças extrativistas percorrem as ruas da capital paraense e entregam carta política com propostas por justiça climática e direitos territoriais.

Com porongas acesas, mais de mil lideranças extrativistas marcham nesta quinta-feira (13) pelas ruas de Belém (PA), iluminando a noite da COP30 com um corredor de luz que atravessa o bairro Pedreira. O “Porongaço dos Povos da Floresta” reúne representantes de todos os biomas brasileiros em defesa da floresta viva, dos direitos territoriais e da responsabilidade climática global.

A mobilização começou por volta das 17h, na Praça Eneida de Moraes, e segue em direção à Aldeia Cabana, na avenida Pedro Miranda, onde ainda hoje será entregue a Carta Política das Populações Extrativistas, documento com propostas e reivindicações voltadas às autoridades nacionais e internacionais.

Paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o ato marca os 40 anos do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e reúne lideranças indígenas, quilombolas, ribeirinhas e parceiros internacionais.

Os participantes carregam porongas, lamparinas tradicionais de seringueiros, acesas com óleos da floresta, como andiroba e copaíba. A chama, segundo os organizadores, representa resistência, esperança e a memória dos “empates”, ações pacíficas que marcaram a luta contra o desmatamento nas décadas de 1970 e 1980.

Durante o percurso, cantorias, poesias e rezas ecoam entre as avenidas Pedro Miranda e Alcindo Castelo Branco, unindo espiritualidade, arte e política em um gesto coletivo.

“A marcha das luzes”

Segundo Letícia Moraes, vice-presidente do CNS, o Porongaço reafirma o papel dos povos da floresta no enfrentamento da crise climática. “O ‘Porongaço dos Povos da Floresta’ nasce como um ato político. É a marcha das luzes que ecoa o legado de Chico Mendes e a sabedoria ancestral de milhares de homens e mulheres que seguem iluminando o caminho da vida na Amazônia”, afirmou.

Ela destaca que a mobilização é um recado direto ao mundo. “Não há soluções reais para a crise climática sem justiça social e sem a presença dos povos que vivem da floresta. A poronga resgata essa metáfora da esperança, da coletividade e da luta.”

Ao final da marcha, a Carta Política das Populações Extrativistas será entregue na Aldeia Cabana, reunindo propostas para a proteção territorial, a ampliação de políticas socioambientais e o fortalecimento das comunidades que dependem do uso sustentável da floresta.

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