Audiência pública discutiu riscos de isolamento de municípios do Purus e definiu encaminhamentos para cobrar soluções do governo federal.
A situação crítica da ponte sobre o Rio Caeté, no km 282 da BR-364, em Sena Madureira, e as condições precárias da principal rodovia federal do Acre foram tema de uma audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa do Estado (Aleac) na manhã desta quarta-feira (7). O debate, proposto pelo deputado André Vale (Podemos), expôs os riscos de isolamento dos municípios do Purus e cobrou ações urgentes para garantir a trafegabilidade e a segurança da população.
Durante a audiência, André Vale destacou que a BR-364 é a principal via de integração terrestre entre o Baixo e o Alto Juruá, essencial para o escoamento da produção, o transporte de pacientes e o acesso à educação e segurança pública. “A cada inverno, vivemos o mesmo drama. A situação exige um trabalho de qualidade, que respeite a população que depende dessa estrada todos os dias”, afirmou o parlamentar.

A precariedade da rodovia e a instabilidade estrutural da ponte sobre o Rio Caeté foram apresentadas como ameaças recorrentes à mobilidade no estado, especialmente durante o período de chuvas. A ponte, construída em 2008, apresenta deslocamentos desde 2010, agravados em 2022, quando um dos pilares se moveu mais de 3 metros devido à instabilidade do solo na região.
Segundo o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Acre, Ricardo Araújo, a ponte foi classificada como “risco 1”, o nível mais alto de alerta. Ele explicou que o solo da área é extremamente instável, composto por tabatinga, e sofre variações conforme o volume do rio entre as estações. “Não se trata de uma rodovia que será justificada apenas por indicadores econômicos. O valor dela é social, é uma estrada de cidadania”, frisou Araújo.

O secretário adjunto de Agricultura, Edivan Azevedo, reforçou a importância da BR-364 para o escoamento da produção agrícola e o abastecimento das populações do interior. Ele mencionou que investimentos como o maior complexo de café do Juruá estão ameaçados pela precariedade da rodovia. Para ele, a reconstrução da BR exige uma força-tarefa entre os governos federal, estadual e municipal.

Ao final do encontro, André Vale apresentou dois encaminhamentos. O primeiro é a definição de uma data oficial para o início das obras de recuperação da rodovia, com uma comitiva formada por deputados e autoridades para vistoriar os trechos mais críticos entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul. O segundo é a formação de uma missão oficial de cinco deputados estaduais para uma audiência em Brasília com o ministro dos Transportes e a direção nacional do Dnit, buscando a liberação de recursos para reconstrução da estrada.
A audiência contou com a presença de técnicos do Dnit, representantes de sindicatos rurais, parlamentares e gestores estaduais.