Órgão aponta fortalecimento de facções no interior e aposta em integração nacional para conter avanço do crime.
Com quase totalidade de êxito nas ações judiciais contra o crime organizado, o Ministério Público do Acre (MPAC) registrou 98,4% de condenações entre os réus denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). Os números, divulgados no relatório mais recente do grupo, reforçam a eficiência do trabalho investigativo, mas também revelam o aumento da complexidade das facções criminosas que atuam no estado e suas conexões interestaduais.
De acordo com o levantamento, o Gaeco realizou 10 operações e apresentou 211 denúncias apenas nos primeiros meses de 2025. As investigações vão desde o combate a facções armadas, como o Comando Vermelho, até redes de lavagem de dinheiro e fraudes financeiras, incluindo o chamado golpe do Pix.
As ações mais recentes indicam que o interior do Acre passou a ocupar posição estratégica nas disputas entre grupos criminosos. Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, o Gaeco atuou em conjunto com a PolÃcia Militar na desarticulação de um núcleo ligado a uma facção com origem no Rio de Janeiro, que tentava expandir sua influência na região do Juruá.
O enfrentamento também tem ultrapassado as fronteiras do estado. Neste ano, o grupo participou, junto ao Ministério Público de Rondônia, da recaptura de um dos lÃderes de uma organização criminosa acreana foragido em Porto Velho. As operações mostram que a estrutura do crime no Acre está cada vez mais conectada a redes interestaduais, e exigem, segundo o próprio MPAC, uma resposta articulada entre instituições.
Para ampliar a rede de enfrentamento, o Ministério Público lançou o Investigador Cidadão, canal de denúncias não emergenciais que funciona pelo WhatsApp (68) 99993-2414. A proposta é incentivar a participação popular, com garantia de anonimato e sigilo, em investigações sobre facções e outras organizações criminosas.
Além da repressão direta, o Gaeco tem investido em formação técnica e troca de informações com outros Ministérios Públicos por meio do Grupo Nacional de Combate à s Organizações Criminosas (GNCOC), presidido pelo procurador-geral de Justiça do Acre, Danilo Lovisaro do Nascimento. O objetivo é padronizar práticas investigativas e fortalecer o trabalho coordenado contra facções em todo o paÃs.


