Movimento de Mulheres do Acre cobra ações do governo federal para conter escalada de feminicídios

Encontro com ministra Márcia Lopes debate medidas urgentes para frear violência de gênero no estado.

Com os feminicídios em alta e a violência de gênero em níveis alarmantes, organizações da sociedade civil e instituições públicas se reuniram nesta terça-feira (22), em Rio Branco, com a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, para denunciar a grave situação enfrentada pelo Acre.

O encontro, realizado na sede do Tribunal de Contas do Estado, foi intitulado “SOS Mulheres do Acre – Grito de Socorro” e buscou dar visibilidade à escalada de assassinatos de mulheres no estado, que já soma seis feminicídios só em 2025.

Organizações da sociedade civil e instituições públicas se reuniram nesta terça-feira (22), em Rio Branco, com a ministra das Mulheres, Márcia Lopes. Foto: Paulo Murilo/Proa

Além da ministra, participaram do encontro representantes da Assembleia Legislativa do Estado do Acre, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ministério Público do Estado, Câmara Municipal de Rio Branco, e de entidades como o Conselho Estadual do Direito da Mulher, associações de mulheres negras, mulheres com deficiência, travestis e transexuais, e grupos ligados a religiões de matriz africana.

As lideranças locais destacaram a urgência de medidas concretas para frear o aumento da violência de gênero no Acre, que figura entre os estados com mais registros proporcionais de denúncias de violência doméstica no país.

Segundo o Feminicidômetro do Ministério Público Estadual, de janeiro de 2018 a junho deste ano, o Acre já contabilizou 82 feminicídios consumados e 158 tentativas.

A maioria das vítimas são mulheres jovens, negras e de bairros periféricos, o que, segundo as organizações, evidencia a necessidade de políticas públicas que enfrentem também o racismo estrutural.

Encontro, realizado na sede do Tribunal de Contas do Estado, foi intitulado “SOS Mulheres do Acre – Grito de Socorro”. Foto: Paulo Murilo/Proa

Números preocupam

Os dados mais recentes mostram que, até 14 de julho deste ano, seis feminicídios já foram registrados nos municípios de Mâncio Lima, Rio Branco, Capixaba, Senador Guiomard e Tarauacá. Em 2024, foram oito casos, enquanto 2023 registrou 10 feminicídios consumados e 17 tentativas.

A violência doméstica também permanece em patamar elevado. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023 apontou o Acre entre os estados com maior taxa de denúncias de violência contra a mulher por 100 mil habitantes. Somente em 2022, mais de 5 mil ocorrências relacionadas à Lei Maria da Penha foram registradas na capital, segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre.

União de esforços

Durante o encontro, lideranças apresentaram dados, relatos de vítimas e propostas para fortalecer a rede de proteção às mulheres, com mais investimentos em políticas públicas de prevenção, acolhimento e combate à impunidade.

Ministra Márcia Lopes durante encontro no Acre. Foto: Paulo Murilo/Proa

A ministra Márcia Lopes ouviu os relatos e reforçou que o Governo Federal está comprometido com o enfrentamento à violência de gênero.

“Este é um momento de urgência e escuta ativa. As mulheres do Acre estão em situação de alerta, e nossa presença aqui reafirma o compromisso do Governo Federal com a vida das mulheres brasileiras. Tudo o que ouvi aqui, todas as reivindicações, serão levadas à Presidência da República e aos ministérios devidos. Acredito que somente com a união de esforços de todos os entes da federação vamos conseguir superar essa realidade tão preocupante”, afirmou a ministra.

A expectativa é que as demandas apresentadas resultem em ações práticas e reforcem a articulação entre governos, sistema de justiça e sociedade civil na defesa da vida das mulheres acreanas.

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