Presidente acusa oposição e Centrão de frear políticas sociais e impedir correção de distorções no sistema tributário.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com críticas contundentes à decisão do plenário da Câmara dos Deputados de retirar de pauta a medida provisória (MP) que aumentaria tributos sobre os mais ricos e fundos de investimento. Com a medida caducando nesta quarta-feira (8), Lula classificou a decisão como um ataque direto aos interesses da população.
Em postagem nas redes sociais, o presidente afirmou que a MP “corrigia injustiças no sistema tributário” e alertou que impedir a sua aprovação é “votar contra o equilíbrio das contas públicas e contra a justiça tributária”. Para Lula, a medida não representava derrota do governo, mas sim do povo brasileiro.
“A decisão da Câmara de derrubar a medida provisória que corrigia injustiças no sistema tributário não é uma derrota imposta ao governo, mas ao povo brasileiro. Essa medida reduzia distorções ao cobrar a parte justa de quem ganha e lucra mais. Dos mais ricos. Impedir essa correção é votar contra o equilíbrio das contas públicas e contra a justiça tributária”, escreveu o presidente em uma postagem nas redes sociais”, escreveu o presidente.
Lula reforçou que a decisão compromete programas sociais e políticas públicas do governo, que beneficiam milhões de brasileiros, apontando diretamente para a oposição e partidos de centro como responsáveis pelo revés.
“O que está por trás dessa decisão é a aposta de que o país vai arrecadar menos para limitar as políticas públicas e os programas sociais que beneficiam milhões de brasileiros. É jogar contra o Brasil”, acrescentou Lula.
A MP era considerada estratégica para o equilíbrio fiscal de 2026 e previa a tributação de fundos de investimento, ativos virtuais, operações em bolsa, empréstimos de ativos e investidores estrangeiros. Estimava-se que a medida aumentaria a arrecadação do governo em R$ 20,8 bilhões e permitiria reduzir despesas em mais de R$ 10 bilhões.
A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais destacou que a derrubada do texto evidencia a resistência de uma parcela muito rica do país em abrir mão de privilégios.
“Hoje ficou claro que a pequena parcela muito rica do país não admite que seus privilégios sejam tocados. Não querem pagar impostos como a maioria dos cidadãos. E não querem que o governo tenha recursos para investir em políticas para a população”, afirmou.
Nesta quinta-feira (9), o presidente Lula voltou a comentar a rejeição da medida. Durante evento em Camaçari, na Bahia, ele classificou a quarta-feira (8) como “um dia triste” e afirmou que a sociedade brasileira “não pode ficar quieta” diante da decisão do Congresso.
No discurso, Lula criticou o que chamou de resistência dos mais ricos em contribuir com o país. “Se um trabalhador pode pagar 27,5% de imposto, por que um ricaço não pode pagar 18%? Ainda fizemos acordo para 12% e eles não quiseram pagar”, afirmou. O presidente disse ainda que o governo continuará tentando corrigir desigualdades tributárias.
Lula está na Bahia para inaugurar a primeira fábrica de veículos elétricos da montadora chinesa BYD no Brasil. A unidade, instalada no antigo complexo da Ford, vai produzir o modelo Dolphin Mini, o carro elétrico mais barato vendido no país.