Primo de Chico Mendes, líder extrativista é homenageado e enfrenta ameaças por defender a Reserva Chico Mendes, sua casa.
Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, completa 80 anos nesta segunda-feira (14) sendo celebrado como um guardião vivo da história de resistência dos seringueiros no Acre.
Primo de Chico Mendes, ele se tornou referência na luta pela preservação da floresta e pelos direitos de quem vive dela, mantendo viva a memória dos “empates” que marcaram a defesa dos seringais nos anos 1980.
Morador da Reserva Extrativista Chico Mendes, no município de Xapuri, Raimundão foi homenageado por familiares, lideranças políticas e artistas.
Em uma publicação nas redes sociais, o filho Rogério Mendes escreveu: “Te ver lutar pela nossa família, pelos nossos valores e pela nossa terra me inspira todos os dias.”
A atriz Dira Paes, que interpretou personagens inspirados na luta amazônica, chamou o líder de “inspiração”. O deputado estadual Edvaldo Magalhães desejou “longa vida a esse símbolo de resistência”.
Mas a trajetória de Raimundão, que mistura história, cultura e resistência, vai muito além das homenagens. Aos 80 anos, ele ainda enfrenta ameaças.
Em junho, depois de apoiar uma operação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que retirou gado criado ilegalmente dentro da reserva, o líder passou a ser alvo de ataques virtuais e ameaças de morte.
Em resposta aos ataques, Raimundão diz que não sente medo, e garante que não vai abandonar a luta para proteger o território.
Hoje, Raimundão celebra oito décadas como uma das vozes mais respeitadas do extrativismo, mantendo o legado de Chico Mendes. “A floresta é o que a gente tem. Sem ela, não tem futuro”, costuma repetir o líder, que insiste em permanecer onde sempre viveu, para seguir defendendo a mata e as famílias que dela dependem.