Kamai acusa Ministério Público do Acre de omissão diante de problemas na gestão de Gladson Cameli e Tião Bocalom

Kamai afirma que MPAC permanece inerte diante de supostas irregularidades no governo estadual e na Prefeitura de Rio Branco, criando “clima de impunidade”.

O vereador André Kamai (PT) fez duras críticas à atuação do Ministério Público do Acre (MPAC) durante sessão na Câmara Municipal de Rio Branco nesta terça-feira (21), acusando o órgão de permanecer “subserviente” diante de supostas irregularidades na gestão do governador Gladson Cameli e do prefeito Tião Bocalom.

Kamai iniciou seu discurso citando uma declaração recente do governador, que criticou o MPAC por recomendar que a nova maternidade do Estado não recebesse o nome de sua avó, Marieta Cameli. Na ocasião, o governador afirmou que “é muito fácil você ficar no gabinete com o ar-condicionado, sem tirar a bunda da cadeira, para conhecer a realidade de milhares de famílias”.

O vereador retomou a crítica em tom de ironia para reforçar sua acusação de que o MPAC tem permanecido inerte diante de problemas tanto na prefeitura de Rio Branco quanto no governo estadual. Kamai apontou uma série de situações que, segundo ele, não teriam recebido atenção do órgão.

“Se o Ministério Público não estivesse com a bunda na cadeira, no ar-condicionado, já teria visto os contratos suspeitos de jatinho do governador, empréstimos que aumentam a dívida do Estado, obras paralisadas como a Biblioteca Marina Silva e o Teatrão, os excessos de carona sem licitação e o desmonte da Secretaria de Combate à Corrupção. O Ministério Público tinha visto também os corredores do pronto-socorro lotados de maca, sem as pessoas terem atendimento, a não entrega dos móveis do programa Recomeço, o calote eleitoral do Asfalta Rio Branco. Teria visto a compra ilegal dos ovos de carapanã, o calote do 1001 Dignidades, o cambalacho que tá acontecendo no Saerb com contrato irregular, usando a concentração errada para tratar água. Teria visto o caos absoluto do transporte coletivo de Rio Branco. A gente passa três horas, quatro horas pra esperar um ônibus, não temos abrigo de ônibus, e o Ministério Público não vê isso. Não age, não se movimenta”, disse.

De acordo com Kamai, a suposta falta de atuação do MPAC cria um “clima de impunidade” por parte dos gestores. “O Ministério Público não viu nada disso. É por isso que o prefeito tem a sensação de impunidade, de que ele pode tudo, falar mentiras na maior desfaçatez, como se nada fosse acontecer”, afirmou.

O vereador também criticou a postura do órgão em comparação à rapidez demonstrada para defender seus próprios membros em casos de notícias negativas na imprensa. “Eu queria que o Ministério Público tivesse essa mesma diligência, essa mesma valentia, para enfrentar os desmandos do prefeito de Rio Branco. Era só isso que a gente queria.”

Kamai encerrou seu pronunciamento pedindo que o MPAC “saia do ar-condicionado e vá cuidar dos interesses do povo de Rio Branco e do Acre”.

“É isso que a gente precisa. E é por isso que o Ministério Público ficou em silêncio quando o governador disse isso aí. Porque tá sem moral. E olha, se tem uma instituição pela qual eu tenho respeito é o Ministério Público”, finalizou.

O MPAC ainda não se manifestou sobre as acusações feitas pelo parlamentar.

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