Imersão marca início da programação no Acre, que segue até quarta-feira com rodadas de negócios.
O Seringal Cachoeira, em Xapuri, no interior do Are, foi o ponto de partida, neste domingo (28), para um movimento pouco comum no comércio internacional. Antes de assinarem contratos, 25 compradores estrangeiros de 18 países caminharam pela floresta, ouviram histórias de seringueiros e conheceram comunidades extrativistas. Essa experiência marcou o início do Exporta Mais Amazônia, programa realizado pela ApexBrasil em parceria com o Sebrae, que segue até quarta-feira (1º) em Rio Branco.
O cenário escolhido não foi aleatório. No berço do movimento seringueiro e da luta pela preservação da floresta em pé, os visitantes foram recebidos por lideranças como Francisco Assis Monteiro, Júlio Barbosa (Conselho Nacional dos Seringueiros) e Sebastião Aquino (Cooperxapuri). A eles coube traduzir, na prática, o que significa viver do extrativismo sustentável.
“Trouxemos compradores de todas as partes do mundo para conhecer o que há de mais precioso na Amazônia: sua floresta e seu povo. É uma forma de mostrar que é possível gerar negócios sustentáveis, fortalecer comunidades e preservar a biodiversidade”, afirmou o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacando que o Acre e a Amazônia ganham novo protagonismo nas exportações brasileiras.

Viana lembrou que o Acre atravessa um momento histórico. “Quando fui governador, saímos do zero e chegamos a US$ 20 milhões por ano em exportações. No ano passado já passamos de US$ 87 milhões e, até a metade deste ano, alcançamos US$ 70 milhões. Não tenho dúvida de que vamos chegar a US$ 100 milhões em 2025, o maior recorde da história do Acre”, disse.
A meta não é desprovida de contexto: produtos como castanha, açaí, farinha, artesanato, café e carne estão entre os itens mais procurados. A ApexBrasil já abriu mais de 440 mercados externos para produtos brasileiros, um contraponto à crise de tarifas e barreiras comerciais.

O programa atraiu gigantes globais do varejo e da distribuição. A russa Grand Trade, ligada ao grupo Magnit, busca açaí, café e castanha. Redes indonésias como FoodHall e Daily Supermarket têm interesse em café robusta e frutas processadas. A chinesa Mixue, maior rede de sucos e sorvetes do planeta, quer polpas amazônicas. Também vieram distribuidores de Moçambique, África do Sul, Emirados Árabes, Japão, Índia e outros países.
Depois da imersão, começa nesta segunda-feira (29) o seminário de abertura no Centro de Convenções da Universidade Federal do Acre (Ufac). Nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, as rodadas de negócios ocorrerão na Biblioteca da UFAC, reunindo 76 empresas da região Norte, sendo 44 do Acre, e compradores estrangeiros. As edições anteriores já movimentaram R$ 85 milhões, e a expectativa é superar esse resultado.