Julgamento do governador do Acre está marcado para o dia 19 de novembro. Ele e outros acusados respondem por fraudes em licitação, desvio de recursos públicos e formação de organização criminosa.
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, prorrogar por mais 180 dias as medidas cautelares impostas ao governador do Acre, Gladson Cameli (PP). A decisão foi tomada na última quarta-feira (5), a pedido da ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, diante do fim do prazo das restrições, que venceria neste fim de semana.
Entre as medidas mantidas estão a proibição de contato com testemunhas e outros investigados, o recolhimento do passaporte e a proibição de deixar o país, além do bloqueio de bens e valores. Esta é a terceira prorrogação desde que a Corte Especial recebeu a denúncia, em maio de 2024.
O julgamento de Cameli está marcado para o próximo dia 19 de novembro. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de liderar uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. Segundo a acusação, os supostos ilícitos começaram em 2019 e teriam causado prejuízo superior a R$ 16 milhões aos cofres públicos.
As investigações tiveram origem na Operação Ptolomeu, deflagrada pela Polícia Federal em 2019. O inquérito apura a contratação da empresa Murano, com sede em Brasília, para prestar serviços ao governo do Acre. A empresa teria subcontratado outra companhia localizada no estado, que tem como sócio o irmão do governador, Gledson Cameli. Para o MPF, a operação configurou um esquema de favorecimento e enriquecimento ilícito.
Mesmo após se tornar réu, o governador foi mantido no cargo. Em dezembro do ano passado, ele prestou depoimento à Justiça. A defesa alegou inconsistências no relatório de inteligência financeira e contestou a ausência de perícia em HDs apreendidos. Recentemente, o STJ negou um pedido de suspensão do processo, que questionava o uso dos relatórios financeiros obtidos em circunstâncias sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao ter o julgamento marcado, Gladson Cameli afirmou confiar na Justiça, mas pediu que não haja interferência política no caso. Se condenado, ele poderá perder o cargo e ficar inelegível.


