Festival Varadouro anuncia line-up e marca reencontro histórico com a cena musical amazônica e latino-americana

A nova edição se conecta com a Semana Chico Mendes e fortalece a conexão entre arte, memória e resistência na Amazônia

O Festival Varadouro divulgou, nesta segunda-feira (24), o line-up oficial que irá embalar a edição de retomada marcada para os dias 12, 13 e 14 de dezembro, no Clube Juventus, em Rio Branco. A lista de atrações confirma o reencontro do público com um dos principais eventos de expressão artística amazônica e latino-americana, que volta a ocupar o calendário cultural do Acre após 15 anos .

De acordo com os organizadores, a proposta da edição 2025 é unir gerações, linguagens e sonoridades que moldaram a trajetória do Varadouro desde os anos 2000, reforçando tanto o espírito de resistência quanto o caráter celebrativo do festival, que o consagrou como um marco para a juventude acreana. A programação completa, separada por dias, será anunciada em breve.

A nova edição reúne nomes consolidados da música independente de diferentes estados e países e uma forte presença de artistas acreanos, traçando um mapa sonoro que atravessa fronteiras e reverbera identidades amazônicas, andinas e brasileiras.

Entre os destaques estão Juaneco y Su Combo (Peru), uma das maiores referências da cumbia amazônica; Felipe Cordeiro (PA), da guitarrada e tecnobrega com identidade paraense contemporânea; Tulipa Ruiz & Donatinho (SP), um encontro entre pop, música brasileira e experimentação; Áila (PA) que se apresenta acompanhada de Kaemizê e convidados; Raidol (PA) e Gabriê (RO), nomes fortes da cena nortista atual.

A força da produção acreana aparece com Filomedusa, Pia Vila, Descordantes, Zé Jarina, Dona Zenaide, Calorosa, Moças do Samba, Caldo de Piaba, além de dezenas de bandas e artistas independentes que atravessaram o festival ao longo de sua história.

Além desses nomes, o line-up completo reúne cerca de 40 artistas e bandas, entre eles Paulo Monarco (MT), Mara Matero (AC), Luxuosos Corações (AP), Ritual e Pajelança (AC), Juca Culatra (PA), Los Chico de Menezes (AC), Bell Brandão (AP), Duda Modesto (AC), Peleja do Freelosofos (AC), Maya Dourado (AC), Nicles (AC), Kellen Mendes (AC), Mogno (AC), Ex Comunigado (AC), Jabuti Bumbá (AC), Death Silence (AC), Scalpo (AC), Nampat (AC), Fire Angel (AC), Dissidentes (AC), Norteando Sons (AC), The Bubuias + Heloy de Castro (AC), entre outros.

Line-up reforça diversidade e potência amazônica. Foto: Divulgação

Resistência amazônica

A produtora cultural Karla Martins, uma das responsáveis pela retomada, celebrou o momento. “Finalmente, o Festival Varadouro está de volta do jeito que nós sempre sonhávamos, voltando para rearticular a cena acriana, com um line-up enorme, muitas bandas, muitos artistas, absorvendo o máximo que tem da música autoral acreana”, afirmou. Para ela, o festival cumpre um papel fundamental ao estimular o público a valorizar a produção local.

“Acho que é muito importante imaginar isso, que lugar que a gente vai ocupando com aquilo que é realmente produzido nos nossos territórios e não somente aquilo que vem das rádios, das grandes mídias, como a gente estimula a sociedade a aproveitar, a curtir, a afluir os seus artistas, a ouvir a música acreana que tem identidade e ser considerada uma música que faz sentido para quem ouve.”

Karla também ressaltou o caráter multigeracional desta edição. “Acho que essa é a premissa principal do Varadouro, né? Voltar com isso, rearticular a cena, a gente já está vendo as pessoas falando: eu fui no festival, eu era muito criança, eu ouvi falar, minha mãe ia.”

Ainda segundo Martins, o festival retoma um processo essencial para a Amazônia. “Ele retoma um processo de visibilização intensa e orgânica do que é produzido artisticamente no território. Acho que isso é muito importante, a Amazônia tem buscado esse lugar, a ocupação do espaço com aquilo que é produzido de fato nela mesma. Então acho que esse é um momento muito, muito especial.”

Uma das novidades do evento é a integração direta com a Semana Chico Mendes, encontro anual que celebra o legado do líder seringueiro, mobilizando ativistas, pesquisadores, juventudes, lideranças comunitárias e a sociedade em geral, que ocorrerá entre 15 e 22 de dezembro em Rio Branco e Xapuri. A ideia é construir uma travessia cultural que conecte COP30, Festival Varadouro e Semana Chico Mendes como parte de um mesmo território de lutas, memórias e celebrações.

O festival é realizado pela Eita Pau Produções e pelo Comitê Chico Mendes, com financiamento da Fundação Elias Mansour, Governo do Estado do Acre, PNAB (Política Nacional Aldir Blanc) e Governo Federal. Conta ainda com apoio da Casa Ninja Amazônia, Abrafin, Som.vc e do Circuito Amazônico de Festivais.

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