Manifestantes se reuniram em frente ao Terminal Urbano mesmo após decisão judicial que permitia a realização pacífica do ato.
Na manhã desta segunda-feira (20), estudantes e integrantes de movimentos sociais se reuniram em frente ao Terminal Urbano de Rio Branco para protestar contra as condições do transporte público da capital. O ato, intitulado “Por um Transporte Público de Qualidade”, ocorreu mesmo após decisão da Justiça do Acre que permitia a realização da manifestação, desde que fosse pacífica e não impedisse a circulação de ônibus ou pedestres.
A decisão judicial, emitida no domingo (19) pelo juiz Fábio Alexandre Costa de Farias, atendia a um pedido da empresa Ricco Transportes e Turismo Ltda., a única que opera no município, que alegou risco de bloqueio do terminal e prejuízo à operação do serviço. O magistrado fixou multa de R$ 50 mil em caso de obstrução e autorizou a presença da Polícia Militar para garantir o direito de ir e vir da população.
Durante a mobilização, os manifestantes exibiram faixas e cartazes criticando tanto a empresa quanto a administração pública. Giovanny Kley, mestrando em Saúde da Família e líder de movimento estudantil, explicou que a manifestação surgiu de debates dentro da universidade e de uma audiência pública na Câmara de vereadores de Rio Branco, realizada na última semana, com diversas entidades e movimentos sociais.
“Esse ato partiu de uma mobilização dentro da universidade, que resultou em uma audiência pública com várias entidades e movimentos sociais. A partir dela, decidimos convocar o protesto de hoje para questionar os milhões enviados à Ricco, enquanto a população continua sem um transporte de qualidade. Além disso, a ação judicial movida pela empresa cita entidades que, na realidade, nem sequer existem”, afirmou Kley.
O vereador André Kamai (PT) esteve presente no protesto e ressaltou a importância da mobilização como forma de dar voz aos usuários do transporte coletivo. “São os usuários, as pessoas que usam todos os dias o transporte, que sabem o que vivem na dificuldade de ter ônibus que funcionem, que cheguem no horário, que cheguem até o destino, porque os ônibus normalmente quebram no caminho”, disse.
Kamai criticou ainda a decisão judicial, que, segundo ele, favoreceu a empresa e a prefeitura.
“É uma pena, porque a Justiça precisa também olhar para o contrato ilegal que a Ricco opera até hoje aqui na cidade, para a falta de água nos bairros, para os bairros esburacados, para todos os desmandos que a gente tem nessa cidade. Infelizmente, a prioridade da Justiça é proteger o empresário e proteger a prefeitura, enquanto os trabalhadores vulneráveis, que pegam ônibus sucateados, correndo risco, estão aqui vulneráveis. Mas a manifestação vai continuar e eu estou aqui solidário com os estudantes e os trabalhadores”, completou.
