MPF abre investigação após Comitê Chico Mendes denunciar dificuldades de estudantes extrativistas, que enfrentam deslocamentos longos e custos elevados para cursar universidades fora da reserva.
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para investigar as dificuldades enfrentadas por jovens da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no Acre, em acessar a educação superior. A iniciativa atende a uma demanda do Comitê Chico Mendes, apresentada em reunião com o procurador regional dos Direitos do Cidadão no estado, Lucas Costa Almeida Dias.
Em documento enviado ao MPF, o Comitê alerta que a desativação de núcleos da Universidade Federal do Acre (Ufac) nos municípios de Xapuri e Brasileia, os mais próximos da Resex, agrava a falta de opções de ensino superior na região. Com isso, os estudantes são obrigados a se deslocar para Rio Branco ou Cruzeiro do Sul, enfrentando custos elevados e desafios logísticos.
Segundo o Comitê, a ausência de ensino superior local contribui para o êxodo de jovens da comunidade, fragilizando o tecido social da reserva. Além disso, a escassez de oferta educacional de qualidade expõe os estudantes a riscos, incluindo a vulnerabilidade a propostas de universidades à distância fraudulentas.
Em resposta, o MPF encaminhou ofício à Ufac solicitando esclarecimentos sobre a oferta de ensino superior e as condições de funcionamento dos núcleos próximos à reserva, com o objetivo de instruir o procedimento investigativo e buscar soluções que atendam às necessidades da comunidade.
Criada em 1990, a Resex Chico Mendes abrange sete municípios acreanos e se tornou símbolo da luta pela proteção da floresta e pelos direitos dos povos extrativistas. Apesar do reconhecimento, a reserva enfrenta pressões constantes, como o desmatamento e desafios sociais, que impactam diretamente a permanência das famílias na região.
Com informações da Assessoria de Comunicação MPF/AC.