Contrato milionário de jatinho do governo do Acre é alvo de críticas na Assembleia: “desperdício de recursos públicos”

Deputado Emerson Jarude aponta desperdício de recursos e contesta justificativa do governo sobre uso do jatinho para transporte de pacientes.

O governo do Acre homologou um contrato de R$ 25 milhões para o fretamento de um jatinho por 12 meses, em publicação feita no Diário Oficial no último dia 15 de agosto. Com o novo aditivo, o valor destinado à aeronave em 2025 chega a R$ 39 milhões, o que gerou críticas na Assembleia Legislativa (Aleac).

O deputado Emerson Jarude (Novo) usou a tribuna nesta terça-feira (19) para classificar a despesa como um “desperdício de recursos públicos”. Segundo ele, os custos com a manutenção da aeronave aumentam de forma desproporcional a cada ano.

Jarude lembrou que, em 2019, ingressou com uma Ação Popular contra a primeira tentativa de se disponibilizar uma aeronave para uso do governo. Ele citou a evolução dos valores ao longo dos anos.

“Naquele ano, o valor era de R$ 2,2 milhões. Depois, passou para R$ 3,6 milhões em 2020, R$ 4,9 milhões em 2021, R$ 6,4 milhões em 2022, R$ 12 milhões em 2023 e R$ 15 milhões em 2024. Agora, de um ano para o outro, saltou de R$ 15 para R$ 39 milhões. O que podemos esperar para 2026? Um cofre vazio, porque essa turma de saída vai limpar tudo”, declarou.

O deputado também contestou os argumentos de que a aeronave seria utilizada para o transporte de pacientes do Tratamento Fora de Domicílio (TFD). Para ele, a justificativa não corresponde à realidade.

“Essa conta aqui não é de quem precisa de saúde. Essa conta é da turma que se reúne para ir tomar uma em outro lugar. Enquanto isso, o povo acreano é quem paga a fatura.”

Segundo Jarude, desde 2019 o governo já teria destinado R$ 84 milhões ao custeio do jatinho. Ele pediu providências do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público para barrar a continuidade do contrato.

O parlamentar comparou os gastos com a aeronave às dificuldades enfrentadas em outras áreas da administração estadual.

“Recentemente, um dos representantes do governo declarou que não há dinheiro para atender todos os planos de cargos, carreiras e remuneração (PCCRs). Do jeito que está sendo conduzida a gestão, não vai ter dinheiro mesmo. Não é só para o PCCR, é também para quem precisa de tratamento de saúde, para os estudantes que ainda esperam o fardamento escolar e para quem depende de uma merenda de qualidade. A desculpa de que não tem dinheiro vai continuar, mas a pergunta que fica é: não tem dinheiro por quem?”, questionou.

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