Após operação da PF e CGU, vereador André Kamai reforça denúncias sobre o Asfalta Rio Branco

No plenário da Câmara, parlamentar afirma que esquema já havia sido denunciado durante a campanha e aponta suspeitas de superfaturamento, pagamentos antecipados e uso político do programa.

A Operação Dilapsio deflagrada nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) colocou novamente no centro do debate o programa Asfalta Rio Branco. No plenário da Câmara Municipal, o vereador André Kamai (PT) afirmou que as investigações confirmam denúncias feitas por ele há mais de um ano, desde o início da legislatura.

“Eu avisei, no meu primeiro discurso nessa tribuna, eu avisei que o Asfalta Rio Branco vai dar cadeia, cadeia. Não tem como isso não acontecer”, declarou o parlamentar durante a sessão.

Segundo Kamai, ainda no período eleitoral, denúncias já haviam sido formalizadas junto à Polícia Federal, envolvendo o suposto uso político e eleitoral do programa. “Na campanha, nós denunciamos que o Asfalta Rio Branco estava sendo utilizado para promover politicamente o prefeito, mas também para financiar o processo eleitoral. Nós avisamos, nós apontamos isso desde o começo”, afirmou.

O vereador destacou que as suspeitas sempre estiveram evidentes na própria execução das obras, que, segundo ele, apresentavam baixa qualidade, além de pagamentos antecipados. Kamai relatou casos em que o asfalto foi removido sem que o trabalho fosse concluído.

“Quando a gente anda nas ruas e vê a qualidade do serviço, a gente percebe que aquilo é incompatível com o custo do trabalho que foi feito. Ainda existem ruas onde foi retirado o asfalto com a promessa de que ele seria recolocado, e até hoje isso não aconteceu”, disse.

Ele também afirmou que as máquinas desapareceram logo após o período eleitoral. “No dia seguinte à eleição, houve uma verdadeira revoada de máquinas. Elas foram embora dos canteiros de obra e não voltaram mais. O Asfalta Rio Branco durou exatamente o período da eleição”, comentou.

De acordo com Kamai, a operação também envolve contratos do programa que teriam sido utilizados como “carona” por prefeituras de municípios do interior, entre eles Plácido de Castro, Senador Guiomar e Assis Brasil. A suspeita inicial é de um prejuízo de aproximadamente R$ 3,3 milhões.

“Essa operação que a Polícia Federal e a CGU deflagraram hoje tem origem nos contratos do Asfalta Rio Branco que foram usados como carona nesses municípios. Estamos falando de uma suspeita de desvio de R$ 3,3 milhões, mas isso pode ser apenas a ponta do novelo”, afirmou.

Kamai direcionou suas críticas à Secretaria Municipal de Infraestrutura, que, segundo ele, estaria no centro das práticas suspeitas. “Se existe um lugar onde os movimentos estranhos acontecem nessa prefeitura, é na Secretaria de Infraestrutura. A operação de hoje é ali”, declarou.

O vereador também questionou decisões orçamentárias recentes, afirmando que, enquanto outras áreas sofrem redução de recursos, a infraestrutura mantém altos valores, inclusive para contratações que, ele considera, não são essenciais.

“O orçamento vai reduzir em um monte de áreas, mas na infraestrutura não. Pelo contrário, estão tirando dinheiro da área social e de outras áreas importantes para manter esse volume na infraestrutura. E sabe o que está sendo contratado agora? Decoração de Natal, show de drone, tudo isso pela Secretaria de Infraestrutura”, relatou.

Apesar das críticas, Kamai afirmou que não celebra a operação. “Eu sinceramente desejava que o Asfalta Rio Branco tivesse resolvido os problemas de infraestrutura dos bairros. Não estou aqui para comemorar. Estou aqui para dizer que aquilo que eu avisei, começa agora a ser investigado”, disse.

Ao final de sua fala, o parlamentar ressaltou que espera novos desdobramentos. “É só o começo. Vamos ver quais serão os desdobramentos dessa operação e o que ainda vem pela frente”, concluiu.

Prefeitura diz não ser alvo de operação

Em nota, a Prefeitura de Rio Branco informou que não é alvo da Operação Dilapsio, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) para apurar possíveis irregularidades em processos licitatórios envolvendo municípios do Acre.

De acordo com a gestão municipal, a ata de registro de preços citada nas investigações refere-se a obras executadas com recursos próprios do município, enquanto os contratos sob apuração estariam relacionados a verbas federais, o que, segundo a Prefeitura, afasta qualquer vínculo direto com o objeto da operação.

Ainda conforme a nota, a administração municipal afirmou acompanhar com atenção as investigações e reiterou o “compromisso com a transparência e a probidade administrativa”. Informou, também, que “permanece à disposição dos órgãos competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários” e que os contratos decorrentes da referida ata são “acompanhados continuamente, com fiscalização e validação pelas instâncias responsáveis”.

VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA:

Nota de Esclarecimento – Prefeitura de Rio Branco

A Prefeitura de Rio Branco acompanha com atenção as apurações realizadas pela Polícia Federal e pela Controladoria‑Geral da União e informa que não é alvo da Operação Dilapsio, que investiga possíveis irregularidades em processos licitatórios envolvendo municípios do Acre.

Esclarecemos que a ata de registro de preços eventualmente mencionada nas investigações refere-se a obras realizadas com recursos próprios da Prefeitura de Rio Branco; e o que estão sendo investigados são contratos financiados com verbas federais. Dessa forma, a Prefeitura de Rio Branco não está vinculada aos objetos da investigação.

A Prefeitura reitera seu compromisso com a transparência e a probidade administrativa. Coloca-se à inteira disposição dos órgãos competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários. Reafirma, ainda, que os contratos resultantes da referida ata são acompanhados continuamente, com fiscalização e validação pelas instâncias responsáveis.

Rio Branco, 3 de dezembro de 2025
Prefeitura Municipal de Rio Branco

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