“Ou as instituições de controle vão para cima, ou novos óbitos vamos assistir. Mães choraram seus filhos e mães morreram, à míngua, sem a devida assistência. É isso que está acontecendo no estado do Acre”
O deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) voltou a falar de saúde pública nesta quarta-feira (21). Ele usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), para denunciar o caso da dona de casa Ana Cleide Cruz de Souza, de 39 anos, que morreu junto com a filha que esperava, na terça-feira (20), na Maternidade do Hospital Regional de Cruzeiro do Sul, no interior do estado. A paciente, moradora de Mâncio Lima, havia sido internada no dia 15 de maio, após o rompimento da bolsa amniótica.
“Eu retomo hoje um tema que não gostaria de estar debatendo, mas que assusta, preocupa e nos deixa indignados. Essa senhora é a Ana Cleide Cruz de Souza, ela é lá de Mâncio Lima. Ela morava no bairro da Cobal. Uma senhora de 39 anos, estava grávida, ia receber uma menina com pouco mais de 7 meses, começou a sentir dores, houve o estouro da bolsa e ela deu entrada na Maternidade na quinta-feira passada. Esses áudios é ela se comunicando com a família, dizendo que estava muito mal, que sentia uma infecção, que falava para os médicos e ninguém escutava, ninguém ouvia, que ela precisava ser operada. Ontem, ela foi a óbito. Essa mãe foi a óbito juntamente com a sua filhinha. Morreu dentro da Maternidade de Cruzeiro do Sul reclamando que não se estavam tomando as providências para a retirada do feto”, relatou.
O caso, segundo ele, não é isolado. O deputado citou ainda um episódio ocorrido dias antes, no município de Feijó, envolvendo o atendimento do adolescente Diogo de Souza Albuquerque, de 12 anos, que morreu vítima de uma infecção generalizada após cair de bicicleta, e foi medicado, segundo o parlamentar, apenas com dipirona. Para Magalhães, os casos refletem o agravamento da crise na saúde pública do Acre.
“Essa aí é a mãe do Diogo, que caiu por sobre a bicicleta, em cima de um eixo enferrujado. Isso infeccionou e o remédio foi dipirona e mandar para casa. A mãe de uma menina, rompe a bolsa, reclama, reclama, não se toma as providencias e vai a óbito. Isso numa diferença de menos de 8 dias. Um episódio em Feijó e outro em Cruzeiro. Nós sabemos que a crise está escalonando. Que isso não é normal e nem podemos normalizar isso. ‘Ah, agora querem politizar’. Nada disso. A única coisa que se quer é não normalizar isso. O que nós vamos fazer?”, questionou.
Edvaldo Magalhães pediu ao presidente, deputado Pedro Longo (PDT), que presidia a sessão, que convidasse o procurador-geral do Ministério Público do Acre, Danilo Lovisaro, para que compareça à Aleac, juntamente com a Promotoria Especializada em Saúde.
“Eu queria pedir presidente um favor. Essa Casa aqui tem uma relação muito boa com os poderes, que o senhor ligasse para o chefe do MPAC, Danilo Lovisaro, que ele venha a essa Casa para fazermos uma conversa olho no olho. Não quero chamar o secretário de Saúde. Ou as instituições de controle vão para cima, ou novos óbitos vamos assistir. Mães choraram seus filhos e mães morreram, à míngua, sem a devida assistência. É isso que está acontecendo no estado do Acre”.