Decreto estadual vale por 180 dias e inclui Rio Branco, Feijó, Tarauacá, Plácido de Castro e Santa Rosa do Purus, onde rios ultrapassaram a cota de transbordamento após chuvas intensas acima da média.
O governo do Acre decretou emergência em cinco municípios afetados pela cheia de rios e igarapés em diversas regionais do estado. O decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial (DOE) nesta segunda-feira (29), reconhece emergência de nível 2 e abrange os municípios de Feijó, Plácido de Castro, Rio Branco, Santa Rosa do Purus e Tarauacá, todos com rios em situação de transbordamento.
A medida tem vigência de 180 dias e ainda precisa ser reconhecida pelo governo federal para que o estado possa acessar recursos e apoio emergencial. O documento destaca o volume elevado de chuvas acumuladas desde o dia 24 de dezembro, muito acima da média histórica para o período.
Em Rio Branco, o acumulado de chuvas chegou a 483 milímetros até este domingo (28), enquanto a média esperada para todo o mês de dezembro é de aproximadamente 265 milímetros. O volume representa um aumento de 97% em relação ao previsto.
Já em Brasiléia, o total acumulado foi de 436,80 milímetros, frente a uma média esperada de 222 milímetros, o que significa 82% acima do normal. O decreto estadual foi assinado pela governadora em exercício, Mailza Assis (PP).
Ainda na manhã desta segunda-feira, a Prefeitura de Rio Branco confirmou a permanência da situação de emergência já decretada em março deste ano, com validade de um ano. A capital enfrenta uma cheia considerada incomum do Rio Acre para o mês de dezembro, que já atingiu mais de 20 mil moradores.

Cheia na capital
A enchente do Rio Acre já desabrigou mais de 400 pessoas em Rio Branco. De acordo com dados da prefeitura e do governo estadual, 411 pessoas, de 141 famílias, estão acolhidas em sete abrigos instalados em escolas e centros de cultura da capital.
Além disso, 216 famílias estão desalojadas e permanecem em casas de parentes ou amigos. Deste total, 138 solicitaram apoio da Defesa Civil para remoção, enquanto 78 deixaram suas residências por conta própria.
O nível do Rio Acre segue em elevação e atingiu 15,38 metros na medição das 15h desta segunda-feira. Apesar de não haver registro de chuvas nas últimas 24 horas na capital, o volume do rio continua subindo, reflexo das chuvas intensas ocorridas nos últimos dias em toda a bacia.
Atualmente, seis abrigos são mantidos pela Prefeitura de Rio Branco e um pelo governo estadual. Entre eles estão escolas nos bairros Conquista, Geraldo Fleming, Morada do Sol, Cadeia Velha, João Eduardo I e Benfica, além do Centro de Cultura Mestre Caboquinho, no bairro Vila Maria.
O Parque de Exposições Wildy Viana, no Segundo Distrito, também está sendo preparado para receber famílias, com a montagem de pelo menos 60 boxes, embora ainda não haja previsão para o início da ocupação.
Situação no interior
No interior do estado, a cheia também causa transtornos. Em Feijó, o Rio Envira ultrapassou a cota de transbordamento de 12 metros e chegou a 12,08 metros na manhã desta segunda-feira. Cerca de 30 residências foram afetadas nos bairros Aristides, Hospital e Terminal. Duas famílias ficaram desabrigadas e foram encaminhadas para um abrigo instalado na Escola Peti, no bairro Cidade Nova.
Em Santa Rosa do Purus, o Rio Purus atingiu 9,42 metros, 42 centímetros acima da cota de transbordamento. Uma família está desabrigada e foi acolhida em uma escola do município. Aproximadamente 60 famílias foram atingidas pela cheia, mas permanecem em suas casas.
Já em Tarauacá, o rio que dá nome ao município alcançou 10,09 metros, superando a cota de transbordamento, que é de 9,50 metros. Em Plácido de Castro, o transbordamento dos igarapés Visionário e Santa Elena isolou regiões como Ramal 58, Monte Alegre e Cabo Severino. O Rio Abunã, principal curso d’água do município, está com 12,27 metros, próximo do limite de transbordamento, fixado em 12,50 metros.


