Tecman completa 25 anos unindo tecnologia, floresta e persistência no Acre

Empresa acreana nasceu no início dos anos 2000 para levar boas práticas do manejo florestal ao setor privado e hoje atua do manejo comunitário ao reflorestamento, passando por unidades de conservação e tecnologia aplicada à floresta.

Quando a Tecman foi criada, em 15 de dezembro de 2000, a engenharia florestal na Amazônia ainda operava em um cenário de poucas ferramentas tecnológicas, baixa disponibilidade de dados e muitos desafios institucionais. Não havia imagens de satélite de alta resolução acessíveis, o georreferenciamento era impreciso e o uso do GPS ainda era limitado.

“A realidade da engenharia florestal na Amazônia era bem diferente”, relembra Marcus Vinício Neves D’Oliveira, fundador da empresa, ao recordar o início de uma trajetória que agora completa 25 anos.

Sediada em Rio Branco, a Tecman Florestas consolidou-se ao longo de duas décadas e meia como referência em consultoria e serviços ambientais. Atua com licenciamento, inventários florestais, planos de manejo, unidades de conservação, reflorestamento, monitoramento e tecnologias digitais aplicadas à floresta. O trabalho se estende pelo Acre, Rondônia e também por Mato Grosso, em parcerias com o setor público, privado e comunidades tradicionais.

Trabalho de campo sempre esteve no centro da atuação da Tecman, com inventários, manejo florestal e monitoramento em áreas isoladas da Amazônia acreana. Foto: Cedida

A empresa surgiu com o propósito de contribuir para a profissionalização do manejo florestal no Acre, levando boas práticas técnicas, conhecimento científico e rigor metodológico a um setor com grande potencial, mas ainda carente de especialistas. “Nossa experiência vinha do manejo florestal comunitário e empresarial, e a ideia era transferir essas boas práticas para o setor privado”, resume D’Oliveira.

Essa motivação também é destacada por Dirlei Bersch, que ingressou na empresa poucos anos após a fundação e se tornou sócia em um momento estratégico da consolidação da Tecman. Segundo ela, a empresa nasceu para ocupar um espaço que praticamente não existia no mercado local.

“A Tecman surgiu com o propósito de contribuir com o mercado de assessoria profissional na área de engenharia florestal, especialmente no manejo florestal, que tinha alto potencial no Acre, mas carecia de profissionais especializados e de tecnologias avançadas”, afirma.

Sediada em Rio Branco, a Tecman se consolidou como referência em consultoria ambiental, atuando no Acre e em outros estados da Amazônia. Foto: Cedida

Desde o início, a Tecman se posicionou como uma empresa de referência técnica. Em um contexto de pouco conhecimento sobre manejo florestal sustentável e baixa valorização profissional, os desafios foram muitos. “Havia pouca visibilidade sobre as técnicas de manejo florestal, além da burocracia dos órgãos licenciadores”, relembra Dirlei. Ainda assim, a empresa optou por seguir um caminho pautado pela qualidade técnica, critério científico e compromisso com a floresta.

Essa postura moldou a identidade da Tecman ao longo dos anos. “A empresa sempre se posicionou com rigor técnico em seus trabalhos”, destaca Dirlei. Inicialmente, a atuação incluiu serviços para o setor madeireiro, mas, com o tempo, veio uma decisão estratégica. “Quando percebemos que esse mercado pouco valorizava a técnica e o rigor científico, passamos a atuar mais fortemente junto ao setor público.”

A Tecman também se construiu a partir de jovens profissionais que cresceram junto com a empresa. Um deles foi Igor Agapejev de Andrade, hoje sócio-administrador. Ele desembarcou no Acre em meados dos anos 2000, quase por acaso, trazendo na bagagem a formação em engenharia florestal e a disposição para aprender na prática.

Igor Agapejev de Andrade chegou ao Acre em 2006 e hoje é sócio-administrador da Tecman. Foto: Juan Vicent/Proa

“Cheguei à Tecman praticamente recém-formado, em 2006. Na época, havia uma grande demanda por engenheiros florestais no Acre, muita gente vindo de fora. Uma amiga que trabalhava na então Secretaria de Estado de Floresta (Sef) comentou sobre oportunidades e me incentivou a enviar o currículo. Eu já tinha vontade de ir para o Acre e trabalhar com manejo florestal, então resolvi tentar”, conta.

Segundo ele, essa mesma amiga tinha contato com a empresa e repassou alguns currículos, inclusive o seu. “Na segunda-feira depois do carnaval, recebi um e-mail dizendo que eu havia sido selecionado e perguntando se eu poderia estar no Acre na semana seguinte. Organizei tudo às pressas, comprei a passagem de última hora e cheguei no fim de março, se não me falha a memória, no dia 16 de março de 2006.”

Pouco tempo depois de começar, Igor já estava em campo, na Floresta Estadual do Antimary, onde passou semanas seguidas em uma realidade distante da cidade e muito próxima da essência do trabalho florestal. “Logo na primeira semana, fui para o Antimary, onde permaneci cerca de 45 dias. Naquela época, a área era bem isolada, praticamente um sertão, sem ramais ou estrutura. Fui ficando e acabei criando vínculo com o trabalho e com a empresa.”

Fábio Thaines entrou na Tecman ainda recém-formado e atualmente administra a empresa ao lado de Igor. Foto: Carina Castelo Branco/Proa

Quem também chegou jovem à Tecman foi Fábio Thaines, que entrou ainda recém-formado e ajudou a sustentar a empresa quando os fundadores precisaram se afastar por compromissos institucionais. Atualmente, ele administra o negócio ao lado de Igor. “É um prazer ver, 25 anos depois, que a empresa continua trabalhando em alto nível, inclusive prestando serviços para a própria Embrapa”, afirma Marcus Vinício, ao parabenizar os sócios e colaboradores.

A trajetória que começou como funcionário acabou se transformando em sociedade, especialmente após a saída de outros sócios que seguiram carreira no serviço público. “No fim, ficou só eu e o Fábio. E a gente foi tocando”, revela Igor.

“O nosso negócio é floresta”, resume o empresário. “Desde a conservação até o manejo, do inventário ao licenciamento. A floresta em todas as suas dimensões.”

Ao longo de 25 anos, a Tecman incorporou novas tecnologias e métodos para qualificar o licenciamento, o planejamento e a gestão florestal. Foto: Cedida

Persistência como método

Ao longo desses 25 anos, a Tecman atravessou mudanças profundas nas políticas ambientais, nos governos e no próprio mercado. Houve períodos de forte incentivo à florestania e outros marcados por retração e incerteza. Em meio a esses ciclos, a empresa aprendeu que, no Acre, escala e estabilidade raramente caminham juntas.

“Teve momentos muito difíceis, como em 2016. Foi uma crise pesada”, relembra Igor. A saída foi aprender a administrar melhor, diversificar áreas de atuação e não se deslumbrar nos períodos de maior demanda. “Quando está bom, segura a mão. Quando está ruim, resiste.”

Essa capacidade de adaptação também se reflete na forma de trabalhar. A Tecman construiu uma reputação baseada no cuidado técnico e na qualidade do produto final. “A gente sempre gostou de entregar um trabalho bem feito, daqueles que dá gosto de olhar”, afirma. Mesmo que isso signifique mais tempo, mais revisão e mais rigor.

A partir de meados dos anos 2000, a Tecman passou a atuar fortemente no manejo florestal comunitário. Foto: Cedida

Pessoas no centro da floresta

Para Fábio, a história da Tecman não é apenas técnica, mas profundamente humana. A partir de 2005 e 2006, quando a empresa passou a atuar mais fortemente no manejo florestal comunitário, o foco se ampliou.

“A gente não sai da técnica, mas passa a lidar diretamente com as pessoas. Isso mudou tudo”, explica. “Foi um novo mundo de situações, de realidades do Acre, que a Tecman passou a vivenciar. A gente contribuiu muito com o manejo comunitário e mantém essa ligação até hoje.”

Além do trabalho em comunidades, a Tecman contribuiu com planos de manejo de unidades de conservação, estudos de biodiversidade e, mais recentemente, projetos de reflorestamento e recomposição ambiental em pequenas propriedades. “É uma satisfação enorme saber que contribuímos para o desenvolvimento ambiental e florestal do Acre”, afirma Fábio.

Engenheira florestal, Andréia Ribeiro acompanha a gestão da Tecman e destaca a identidade acreana da empresa e o compromisso com pessoas e floresta. Foto: Carina Castelo Branco/Proa

Esse compromisso com pessoas e território também é destacado por Andréia Ribeiro, engenheira florestal que acompanha a gestão da empresa. Para ela, a Tecman carrega como marca a identidade acreana.

“A Tecman é uma empresa ambiental que nasceu aqui no estado do Acre. Quando assumimos a empresa, ela já tinha uma história, e o nosso objetivo foi dar continuidade e fortalecer esse legado”, pontua.

“Desde o início, entendemos que não bastava cuidar apenas do meio ambiente. Era fundamental cuidar também das pessoas que fazem parte desse território e dessa floresta. Foi a partir dessa visão, meio ambiente e pessoas caminhando juntas, que passamos a conduzir o trabalho da Tecman. A proposta sempre foi utilizar a floresta de forma racional, com responsabilidade e olhando para o futuro”, afirma.

Equipe da Tecman durante celebração dos 25 anos de história no Acre. Foto: Juan Vicent/Proa

Olhando para frente

Ao completar 25 anos, a Tecman olha para o futuro com o mesmo princípio que guiou seu passado, persistência.

A empresa busca agora se estruturar ainda mais, ampliar equipes, formar novos profissionais e fortalecer sua atuação técnica sem perder o vínculo com o território e com as comunidades.

“A gente vai trabalhando um dia após o outro, um serviço depois do outro”, completa Igor. “Quando vê, passaram-se 25 anos.”

No meio das mudanças climáticas, das novas exigências legais e das transformações no uso da terra, a Tecman segue onde sempre esteve. No encontro entre floresta, conhecimento e gente. Uma empresa acreana que cresceu sem perder o chão, nem a floresta de vista.

A celebração pelos 25 anos foi marcada por uma confraternização com amigos, parceiros e colaboradores, realizada na última sexta-feira (19), em Rio Branco.

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