Manifestação fluvial marca a abertura da Cúpula dos Povos, em Belém, evento paralelo à COP30, com participação de lideranças indígenas e movimentos sociais de 60 países.
Mais de duzentas embarcações tomam as águas da Baía do Guajará, em Belém, na manhã desta quarta-feira (12), no ato que marca simbolicamente o início da Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30, onde comunidades das águas, das florestas e das periferias se unem para reivindicar soluções reais para a crise climática.
A barqueata, que começou às 9h, reúne cerca de cinco mil pessoas de diversos países em um percurso de sete milhas náuticas entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Vila da Barca, área de palafitas que simboliza as contradições sociais e ambientais da cidade que sedia a conferência do clima.
Com faixas e cartazes, os participantes denunciam os impactos de grandes obras e do avanço do agronegócio sobre territórios indígenas, ribeirinhos e quilombolas, além de defender modos de vida sustentáveis na Amazônia. A manifestação é considerada um dos momentos mais emblemáticos da conferência popular, descrita pelos organizadores como um “manifesto fluvial” em defesa dos povos da floresta, das águas e das periferias.
“As águas da Amazônia estão trazendo as vozes que o mundo precisa ouvir”, afirma o ativista equatoriano Líder Gongora, da Comissão Política da Cúpula dos Povos. Entre as embarcações, destaca-se a “Caravana da Resposta”, que percorre mais de 3 mil quilômetros desde o Mato Grosso até Belém com lideranças como o cacique Raoni Metuktire e a indígena Alessandra Korap Munduruku.

A Cúpula dos Povos, construída por mais de mil movimentos sociais e organizações populares, ganha força a partir desta quinta-feira (13), quando começa oficialmente a programação. O evento propõe debates e mobilizações em torno da justiça climática e da responsabilidade histórica dos países do Norte Global nas crises ambientais.
De acordo com Beatriz Moreira, secretária operativa da Cúpula e integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens, os principais dias de atividades são quinta (13) e sexta-feira (14), quando ocorre o “Tratado dos Povos”. No sábado (15), os movimentos sociais realizam uma caminhada de quatro quilômetros pelas ruas de Belém, com saída do Mercado de São Brás e chegada à Aldeia Cabana, no bairro Irituia.
O encerramento oficial está previsto para domingo (16), com uma audiência pública para a entrega da “Declaração dos Povos” à presidência da COP30 e a outras autoridades. Apesar do encerramento formal, as atividades seguem na semana seguinte, com rodas de diálogo e ações culturais.
Segundo Beatriz Moreira, a programação é guiada por seis eixos temáticos: Justiça Climática e Reparação, Transição Justa e Inclusiva, Soberania Alimentar, Direitos Territoriais e das Florestas, Internacionalismo e Solidariedade e Perspectivas Feministas e dos Povos nos Territórios.
A barqueata, que abre a Cúpula dos Povos, reafirma a centralidade da Amazônia e dos povos que a habitam no debate global sobre o clima, um recado que, das águas do Guajará, ecoa para o mundo.
Com informações da Agência Brasil e G1.


