Estado teve queda de 27,6% no desmate entre agosto de 2023 e julho de 2024, segundo o Inpe; redução é atribuída a ações de fiscalização e novas regras ambientais.
O Acre registrou uma queda de 27,6% na taxa anual de desmatamento, alcançando uma média de 325 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é o menor desde 2017, quando o estado fechou o período com 257 km² desmatados.
O levantamento faz parte do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), considerado o mais preciso para medir as taxas anuais. Diferente do sistema Deter, que mostra alertas mensais, o Prodes consolida as medições anuais com base em imagens de alta resolução.
Com 18,8 mil km² de desmate acumulado na série histórica, o Acre aparece como o quinto estado com maior redução no último ciclo de monitoramento. Tocantins liderou o ranking de queda, com 62,5%, seguido por Amapá (48,1%), Roraima (37,3%) e Rondônia (33,6%).
Na Amazônia Legal como um todo, o desmatamento caiu 11%, passando de 6.288 km² em 2023 para 5.796 km² em 2024, o menor índice dos últimos 11 anos.
As taxas de desmatamento na Amazônia vinham subindo desde 2015 e chegaram ao pico de 13 mil km² em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro. A curva só começou a inverter em 2022, com 11.594 km², e segue em queda pelo quarto ano consecutivo.
No Acre, o desmate de 2021 chegou a 889 km². Desde então, o estado reduziu quase 64% da perda de floresta. Ainda assim, o Inpe e pesquisadores alertam que a degradação florestal, processo em que a vegetação é danificada progressivamente, sem ser totalmente derrubada, tem crescido de forma preocupante.
“Ainda que exista uma queda do desmatamento, uma coisa que chama atenção é o incremento da área desmatada por degradação progressiva, com grandes incêndios florestais que chegam a levar a floresta ao colapso”, afirmou o coordenador do Programa BiomasBR do Inpe, Cláudio Almeida.
Ações que explicam a redução
O governo federal atribui a queda a um conjunto de medidas de fiscalização, controle ambiental e integração tecnológica. Entre os principais fatores apontados estão:
- Mais fiscalização: foram registradas 9.540 operações em um ano, com 4 mil autos de infração e 3 mil fazendas embargadas.
- Controle no crédito rural: R$ 6 bilhões em financiamentos foram bloqueados para produtores com histórico de desmatamento.
- Engajamento municipal: cidades que aderiram ao programa federal de combate ao desmate reduziram em média 65,5% suas taxas, impulsionadas por R$ 800 milhões em investimentos.
- Aprimoramento tecnológico: o cruzamento de dados entre Deter e Prodes permitiu rastrear com mais precisão as áreas prioritárias.
- Ação coordenada: Ministério do Meio Ambiente, Polícia Federal e Incra intensificaram investigações sobre grilagem e incêndios ilegais, utilizando embargo remoto por satélite.
- Financiamento ambiental: a retomada do Fundo Amazônia, com R$ 3,6 bilhões investidos em três anos, ajudou a financiar projetos de restauração e pagamento por serviços ambientais.
- Novas regras: a Resolução Conama 510/2025 e a taxonomia sustentável brasileira definiram critérios mais rigorosos para diferenciar o desmatamento legal do ilegal.
Fiscalização mais rigorosa
Entre 2023 e 2025, as ações de combate ao desmatamento na Amazônia aumentaram 80% em comparação ao triênio anterior. O valor total das multas aplicadas cresceu 63%, somando R$ 8 bilhões.
Também houve avanço nas apreensões de bens ilegais, foram 12.219 ocorrências, alta de 42%, e no número de autos de infração ligados à flora, que passou de 6.849 para 12.410 registros.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que os dados mostram o compromisso do governo com a agenda ambiental de desmatamento zero até o ano de 2030. Segundo ela, combater o desmatamento e proteger o meio ambiente são condicionantes para que o Brasil alcance o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis.
“A redução do desmatamento na Amazônia pelo terceiro ano consecutivo nesta gestão e no Cerrado pelo segundo ciclo seguido é a confirmação de que a agenda ambiental é prioritária e transversal no governo do presidente Lula. Isso é fundamental para que o país contribua ao enfrentamento à mudança do clima a nível global, o que beneficia diretamente a vida dos brasileiros e brasileiras, que já enfrentam, em diferentes medidas, os impactos crescentes do aquecimento global em forma de eventos extremos, por exemplo”, disse a ministra.


