Recém-nascido retirado vivo do próprio velório morre em Rio Branco; caso segue sob investigação

Bebê de cinco meses de gestação foi dado como natimorto na Maternidade Bárbara Heliodora e chegou a ser velado por cerca de 12 horas antes que a família percebesse sinais de vida.

O recém-nascido de cinco meses de gestação, declarado morto na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, e retirado do próprio velório após familiares perceberem que estava vivo, morreu na noite deste domingo (26).

A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), que apontou como causa do óbito um quadro de choque séptico e sepse neonatal, decorrente de uma infecção generalizada que levou à falência múltipla dos órgãos.

Segundo o órgão, o bebê morreu por volta das 23h15 de domingo, dois dias após o nascimento, ocorrido na sexta-feira (24). Em nota, a Sesacre informou que, devido à prematuridade extrema, não foi cogitada transferência para outra unidade, pois o risco de agravamento do quadro era elevado.

“O caso está sendo rigorosamente apurado, e a equipe responsável pelo atendimento inicial foi afastada para assegurar a lisura de todo o processo”, diz o comunicado.

O governador do Acre, Gladson Cameli, também lamentou a morte do bebê e afirmou que o caso será apurado com rigor. Em nota divulgada na manhã desta segunda-feira (27), Cameli disse que recebeu a notícia “com tristeza e dor no coração” e prestou solidariedade à família.

O governador destacou que todos os esforços foram feitos pela equipe médica para salvar o bebê e garantiu que, caso sejam identificados responsáveis por eventuais falhas, “os culpados não ficarão impunes”.

“Recebi nesta manhã, com muita tristeza e dor no coração, a notícia sobre o falecimento do bebê, recém-nascido, ocorrido na noite de domingo, 26. Como pai, sei que essa é uma notícia que ninguém deveria receber. Neste momento de extrema dor, envio minhas orações e toda minha solidariedade à mãe, ao pai e aos demais familiares do bebê. Todos os esforços foram realizados para dar suporte e assistência durante o período de internação para salvar a vida deste pequeno guerreiro. Reitero aqui o meu compromisso em garantir que, havendo culpados, estes não ficarão impunes”, escreveu Cameli.

Entenda o caso

O bebê, nascido com aproximadamente cinco meses de gestação, foi dado como natimorto na sexta-feira (24) e entregue à família para sepultamento. Os familiares, que são do município de Pauini, no interior do Amazonas, estavam em Rio Branco porque a mãe apresentava quadro de sangramento e precisou ser submetida a um parto induzido.

Na manhã de sábado (25), durante o velório, os parentes perceberam que o corpo do bebê, que estava dentro de um saco funerário há cerca de 12 horas, apresentava sinais vitais e ouviram um choro vindo do caixão. O recém-nascido foi imediatamente levado de volta à Maternidade Bárbara Heliodora.

Segundo a pediatra neonatologista Mariana Collodetti, que atendeu o bebê por volta das 10h de sábado, ele apresentava estado grave de prematuridade, mas foi reanimado e encaminhado à UTI Neonatal, onde passou a respirar com ajuda de aparelhos.

O episódio gerou comoção e levantou questionamentos sobre possíveis falhas no atendimento e nos protocolos de verificação de óbito. A Sesacre instaurou uma apuração interna e afirmou que todos os protocolos de reanimação foram seguidos pela equipe multiprofissional.

O caso também será investigado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC). A diretora da maternidade, Simone Prado, manifestou solidariedade à família e afirmou que a unidade “reafirma o compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento”.

Nota da Sesacre na íntegra

“A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), por meio da direção da Maternidade Bárbara Heliodora, comunica, com profundo pesar, o falecimento do recém-nascido atendido na unidade (após ter apresentado sinais vitais, depois de declarado óbito), ocorrido às 23h15 de domingo, 26 de outubro, em decorrência de um quadro de choque séptico e sepse neonatal.

Neste momento de imensa dor, expressamos nossa solidariedade e respeito à mãe, ao pai e a todos os familiares, desejando que encontrem conforto e acolhimento diante dessa perda irreparável.

Todos os esforços possíveis foram realizados para garantir o melhor cuidado e suporte durante todo o período de internação. Reforçamos que, devido à prematuridade extrema do bebê, a transferência para outra unidade não chegou a ser cogitada pela equipe médica, diante do alto risco de agravamento do quadro.

O caso está sendo rigorosamente apurado, e a equipe responsável pelo atendimento inicial foi afastada para assegurar a lisura de todo o processo.

A Sesacre e a equipe da maternidade lamentam profundamente o desfecho e reafirmam seu compromisso de redobrar o olhar e seguir aprimorando, a cada dia, o cuidado e a atenção humanizada à vida.

Simone da Silva Prado
Diretora-geral da Maternidade Bárbara Heliodora

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