Ícone do rock brasileiro se apresenta em Rio Branco em 4 de outubro, resgatando a memória do show interrompido de 1989 e dividindo o palco com Clemente (Inocentes) e nove bandas acreanas.
Por Alex Machado
Rock, motores e muita atitude vão tomar conta de Rio Branco nos dias 3 e 4 de outubro. O VII Amazônia Motorcycles & IV Acre Rock Festival chega para unir motociclistas, bandas locais e grandes nomes nacionais, como Lobão e Clemente (Inocentes), transformando o Atlético Clube Juventus em um verdadeiro templo do rock acreano.
Serão dois dias de programação com shows nacionais e nove bandas acreanas. O grande destaque é o retorno de Lobão, que apresentará sua turnê comemorativa “50 Anos de Vida Bandida” no sábado (4), revisitando uma história que começou há mais de três décadas no estado.

Além de Lobão, outra atração nacional é Clemente Nascimento, fundador da banda Inocentes e pioneiro do punk rock brasileiro. Ele dividirá o palco com o baterista acreano Jorge Anzol (Los Porongas), que iniciou a carreira inspirado por bandas do movimento punk. “Subir ao palco com o Clemente hoje é um presente para os meus 36 anos de carreira, porque faz parte da minha trajetória”, afirma Anzol.
O festival terá ainda apresentações das bandas RetroRock, The Roses, Garagem 178, Duda Modesto, Fire Angel, Machine Blues, Metal Jacket, Scalpo e Jorge Anzol e os Punks. Com repertórios que vão do rock clássico ao heavy metal, passando pelo blues, indie e música autoral, as bandas locais prometem movimentar a cena e atrair público diversificado.

Segundo Isleudo Portela, presidente da Associação dos Músicos e Produtores Culturais Independentes do Acre (Amupac), organizadora do evento, o objetivo é valorizar a cena local e fortalecer a economia criativa.
“Estamos trabalhando para oferecer um evento seguro, diverso e tecnicamente consistente, que valorize a cena local e crie pontes com grandes nomes do rock nacional”, destaca.
Para Alex Cruz, organizador do VII Amazônia Motorcycles, a expectativa é transformar Rio Branco na “cidade amiga do motociclista”. Caravanas de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e até de países vizinhos, como Peru e Bolívia, são aguardadas.
“Essa mobilização em torno dos festivais contribui para uma maior participação. Estamos esperando caravanas de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e até do Peru e da Bolívia. Nossos eventos sempre foram um grande sucesso, e este não será diferente”, afirmou.
Os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla.
Rock e memória: Lobão de volta ao Acre
O ano era 1989, sexta-feira, 22 de setembro. Desde as 17h, jovens começaram a invadir o bairro Aeroporto Velho, rumo ao Ginásio Coberto, local onde aconteciam os grandes shows da capital. Desta vez, o espetáculo ficaria por conta do cantor Lobão, que estava no auge de sua carreira e iniciaria, pelo Acre, uma grande turnê pelo país.
O show estava previsto para começar às 22h, e cada vez mais o espaço reunia uma multidão ansiosa para ver o astro do rock brasileiro. Os portões do Ginásio foram abertos apenas à 1h da madrugada para um público eufórico e otimista. Porém, o que aconteceu depois disso foi um grande caos.
Lobão e sua equipe, composta por 22 pessoas, chegaram a Rio Branco na tarde da sexta-feira (22). Entretanto, a carreta que trazia os equipamentos e instrumentos para a realização do show quebrou na BR-364, próximo à cidade de Extrema (RO), o que causou o grande atraso até sua chegada ao Ginásio.
Após toda uma mobilização de resgate, a carreta finalmente chegou ao Ginásio, os equipamentos foram montados no palco, o cantor estava no camarim, o público já alterado pela ansiedade e por outros fatores externos — tudo encaminhado para ser o “show do século”. Mas, quando terminou a apresentação da primeira música, caiu uma fase da energia elétrica e o Ginásio mergulhou em um breu profundo.
Primeiro veio o silêncio do choque, depois a gritaria tomou conta da multidão, já cansada de esperar. Reportagens da época revelam que Lobão queria fazer o show de qualquer jeito e ficou indignado por não conseguir atender ao seu público.
Mas o pior ainda estava por vir. Segundo matéria do jornalista Tião Maia, no jornal O Rio Branco, a balbúrdia teve início quando uma pessoa, que nada tinha a ver com a produção, subiu ao palco e anunciou que não haveria mais show.
Nesse momento, as pessoas começaram a jogar garrafas, copos e sapatos no palco, revoltadas com o cancelamento. Algumas ainda tentaram invadir o camarim e, em determinado instante, alguém gritou: “Vamos quebrar tudo!”. Então, alguns subiram no palco e começaram a derrubar os instrumentos da banda, gerando uma confusão generalizada.
Policiais que estavam no local partiram com seus cassetetes para cima dos fãs mais exaltados, e muitas pessoas ficaram feridas. A turba foi controlada apenas às 3h da manhã. O que seria o maior show de rock no Acre terminou quase em tragédia.
Agora, 36 anos depois, o artista retorna ao Acre para finalmente entregar ao público parte do show que ficou marcado na memória coletiva da cidade.
Conheça as bandas acreanas

RetroRock
A banda, composta por Adal Soares (vocal), Júlio Veras (baixo), Peterson Reis (guitarra) e Fábio Cordeiro (bateria), fará o “Especial Titãs” neste evento no Juventus. No cenário musical desde 1989, Adal Soares iniciou como vocalista da banda Concreto Armado, no Studio P. Rock Show, que foi palco de uma geração de músicos que até hoje movimenta a noite acreana.

The Roses
Desde 2018, a banda se apresenta em festivais e casas noturnas de Rio Branco, com repertório que vai do rock clássico ao pop rock e até ao rock mais pesado. A vocalista Victoria Elisabeth comanda o grupo formado por músicos talentosos e experientes: Alessandro Mendonça (bateria), Felipe Lima (guitarra) e Paulo Parente (baixo).

Garagem 178
Alê Ferreira já integrou diversas bandas covers e autorais em Rio Branco. Em 2008, criou a Garagem 178 com o propósito de ser a banda residente do LoftLounge Bar, interpretando um repertório de Rock Clássico, Indie Rock, Rock Alternativo e Rock Nacional, permanecendo como banda da casa até 2016. Recentemente, reencontrou amigos músicos dos tempos do Loft e, com eles, realizou dois Especiais do Oasis.
O show que a Garagem 178 levará para o 4º Acre Rock é resultado dessa experiência, com músicas dos dois primeiros álbuns da banda de Manchester. No show do dia 3 de outubro, a banda será composta por Alê (vocal), Judson Avelino (guitarra), Júlio Veras (baixo) e Tássio Lopes (bateria).

Duda Modesto
A cantora e compositora acreana lançou seu primeiro trabalho autoral em 2022, com “Pressa Safada” como single de estreia, uma música dançante que conquistou o público. Em recente turnê a Porto Alegre, Duda lançou o single “Esparramar”, com influências do groove de Daft Punk e DuaLipa, somadas ao tempero pop brasileiro de Marina Sena. No palco, é acompanhada por Pedro Félix (baixo), Kauê Canedo (guitarra) e Bruno Hadad (bateria).

Fire Angel
Banda de heavy metal comandada pelo vocalista João Neto, que há 25 anos leva aos palcos músicas autorais (The Land ofthe King, Genocide, The EvilSon, entre outras) e covers de grupos consagrados como Savatage, Edguy, Viper e Iron Maiden. Para o evento no Juventus, a banda prepara um show especial com Marcelo Augusto e Jardel Costa (guitarras), André Araújo (baixo) e James Emerson (bateria).

Machine Blues
Pedro Arco, músico multi-instrumentista, está na ativa desde 2012 e integra a banda desde 2020, junto com Charles Sampaio (guitarra) e Paulo Nobre (bateria). Misturam diversos gêneros musicais com base no blues e no rock. O encontro de gerações diferentes proporciona uma experiência imersiva pela música através do tempo, demonstrando a vitalidade e a bagagem dos integrantes.

Metal Jacket
Banda acreana formada em 2008 e já consolidada no circuito cultural e musical do estado, levando o melhor do classic rock dos anos 60, 70 e 80, com covers de Creedence, Beatles, Elvis Presley, DeepPurple, Whitesnake, Led Zeppelin e outros. Recentemente, realizou o projeto “Metal Jacket na Estrada”, com 10 shows em cidades do Nordeste. A formação conta com Alberto Ferreira (vocal), Ricardo Costa (baixo), Bala Padula (bateria) e Bruno Moura (guitarra).

Scalpo
Banda riobranquense que tocará na íntegra o EP “No Fear”, composto por um thrash metal/crossover potente, intenso e técnico, com influências de Sepultura, Pantera, Ratos de Porão, Slayer e Napalm Death. A formação conta com Mozart Lima (vocal e compositor), Jardel Costa (guitarra), Junior Gonzales (baixo) e Renato Piauhy (bateria). Jardel e Mozart destacam a empolgação para o show no Juventus.

Jorge Anzol e os Punks
Com Jardel Costa (guitarra), Júlio Veras (baixo) e Jorge Anzol (bateria), a banda acompanha o lendário Clemente, trazendo o melhor do punk rock brasileiro. Esse show é um dos mais aguardados pelo público do VII Amazônia Motorcycles& IV Acre Rock Festival, no Atlético Clube Juventus.