Presidente dos EUA elogiou Lula durante discurso a líderes de países membros da ONU nesta terça (23). Ele também defendeu sua própria gestão e disse que ONU ‘não está nem perto de seu potencial’.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (23), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que se encontrará na próxima semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater a crise gerada pelas retaliações econômicas dos EUA ao Brasil, relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Trump descreveu o presidente brasileiro como “um cara muito agradável” e disse que houve “uma química excelente” entre eles. “Ele gostou de mim, eu gostei dele”, afirmou, lembrando que o contato inicial durou apenas cerca de 20 segundos.
“Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem”, disse Trump. “Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos (…). Mas ele pareceu um homem muito legal. Ele gostou de mim, e eu gostei dele”.
Fontes do governo brasileiro confirmaram o encontro, mas não informaram se será presencial ou por videoconferência.
O encontro marca o primeiro diálogo direto entre os dois líderes desde julho, quando Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. A medida entrou em vigor em agosto e incluiu cerca de 700 itens isentos, como suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados metais e madeiras.
Na ocasião, o presidente norte-americano justificou a medida, em parte, pela suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro.
No discurso, Trump voltou a criticar indiretamente o Brasil, acusando o país de “censura, repressão, corrupção judicial e perseguição a críticos políticos”.
“O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”, disse Trump, antes de elogiar Lula.
Discurso polêmico na ONU
Antes de mencionar o Brasil, Trump discursou por mais de uma hora, bem acima dos 15 minutos recomendados pela ONU, exaltando seu governo, negando o aquecimento global e criticando a atuação da organização.
“Graças à minha gestão, os EUA estão na era de ouro. Somos o país mais ‘sexy’ do mundo”, afirmou. Ele destacou conquistas econômicas, reforçou a política anti-imigração e acusou a ONU de “criar novos problemas” para o mundo, citando a crise migratória como exemplo.
Trump também atacou Rússia e China, acusando Moscou de tentar controlar o mercado de petróleo e gás e sugerindo que Pequim foi responsável pelo coronavírus. Sobre a questão climática, classificou energias renováveis como “uma piada” e chamou de “estúpidas” as previsões sobre o aquecimento global.
Apesar do discurso improvisado — Trump disse que falaria “do coração” por falha no teleprompter —, o público aplaudiu quando pediu um cessar-fogo na Faixa de Gaza e criticou os países que reconheceram recentemente o Estado da Palestina.
“Tem gente reconhecendo o Estado Palestino, seria uma recompensa muito grande para o Hamas… Apenas libertem os reféns”.