Segundo André Kamai, dados nacionais mostram que apenas 17,9% das crianças de 0 a 3 anos na capital acreana estão matriculadas em creches, menos da metade da média do país.
O vereador André Kamai (PT) usou a tribuna da Câmara Municipal de Rio Branco para criticar a estagnação e a redução no número de matrículas de crianças em creches e na educação infantil na capital do Acre.
A denúncia ocorre após a divulgação de dados nacionais que colocam o Acre entre os estados com os piores índices de atendimento para crianças de 0 a 3 anos no país.
Segundo a pesquisa “Panorama do Acesso à Educação Infantil no Brasil”, elaborada pelo movimento Todos pela Educação, apenas 17,9% das crianças nessa faixa etária estão matriculadas em creches no Acre, menos da metade da média nacional, que é de 41,2%.
Além disso, o estado lidera o ranking da dificuldade de acesso, com 44,4% das crianças que necessitam da vaga sem conseguir atendimento.
Kamai lembrou o avanço ocorrido entre 2013 e 2018, durante a gestão do ex-prefeito Marcus Alexandre, quando a cidade saiu de 1.383 para 4.995 vagas em creches, fruto de políticas de expansão e da construção de 14 novas unidades, com apoio do governo federal por meio do programa Brasil Carinhoso.
“No período de seis anos, criamos mais de cinco mil novas vagas na educação infantil. Mas, nos últimos cinco anos, a atual gestão não inaugurou nenhuma nova creche e nem retomou o número de matrículas de 2018. Hoje, atendemos menos crianças do que naquela época”, afirmou o vereador.
Para ele, a queda no atendimento não decorre de limitações financeiras, mas de escolhas políticas equivocadas. “Quando a prioridade é construir viadutos com recursos próprios, mas não se constrói creche, fica claro o que o governo prefere. Com o valor de um viaduto, poderiam ter sido construídas pelo menos quatro creches em Rio Branco”, ressaltou.
Além da função educativa, Kamai destacou o papel das creches como suporte fundamental para as mães trabalhadoras, possibilitando que elas mantenham seus empregos ou estudos. “Sem creches, muitas mulheres perdem essas oportunidades, agravando a desigualdade social”, explicou.
O vereador criticou ainda a ausência do prefeito Tião Bocalom durante a visita recente do presidente Lula ao Acre, quando foram anunciados investimentos superiores a R$ 1 bilhão, incluindo a construção de novas creches no estado.
“Enquanto o presidente anunciava recursos históricos, o prefeito estava em Sena Madureira, fazendo campanha. Quem perde com isso é a população”, disse.
Kamai afirmou que está aberto a colaborar com o vice-prefeito e secretário de Educação, Alysson Bestene, mas destacou que sem um projeto estratégico e prioridade real da gestão, a situação não se reverterá. “Não podemos aceitar que Rio Branco figure entre as piores capitais do Brasil no atendimento à educação infantil. Esse direito das crianças precisa estar no centro das decisões da cidade”, concluiu.
