Coleção “Respira Acre” com destaque para biodiversidade e saberes tradicionais é lançada na ExpoAcre

Iniciativa reúne artesãos de seis municípios e leva produção acreana a vitrines nacionais da moda e do design sustentável.

A coleção “Respira Acre” foi lançada neste domingo (27), durante a ExpoAcre 2025, no espaço do Sebrae. Com foco na valorização da biodiversidade e da identidade amazônica, a exposição apresenta calçados, bolsas, biojoias e acessórios produzidos por artesãos de seis municípios do Acre, utilizando matérias-primas regionais e técnicas tradicionais.

A coleção é resultado de um trabalho desenvolvido ao longo de 2024 com 15 grupos de artesãos de Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Brasileia, Xapuri e Epitaciolândia. Idealizado pela ApexBrasil e realizado pela Assintecal, com apoio do Sebrae, CICB, AZZAS 2154 e FUGA Couros, o projeto integra o programa Brazilian Materials, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Peças da coleção “Respira Acre” destacam o uso de matérias-primas da floresta e técnicas artesanais de seis municípios do estado. Foto: Carina Castelo Branco

O lançamento marcou a primeira apresentação da coleção no Acre após a participação em feiras nacionais de moda e design, como o salão INSPIRAMAIS, a sede da Arezzo e a BF Show, em São Paulo. As peças ganharam destaque pela proposta sustentável e pela conexão com a cultura amazônica, despertando o interesse de marcas do setor de calçados e acessórios.

Artesã Rodney Paiva Ramos recebe o livro “Respira Acre” durante o lançamento oficial da coleção. Foto: Carina Castelo Branco

Durante o evento, foi lançado o livro Respira Acre, que registra o processo de construção das peças e o envolvimento das comunidades locais. A publicação foi entregue à artesã Rodney Paiva Ramos, que representou os participantes do projeto, e ao diretor de Administração e Finanças do Sebrae no Acre, Vandré Prado.

Presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, durante o lançamento da coleção: “A floresta pode gerar desenvolvimento com identidade”. Foto: Carina Castelo Branco

O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou o impacto da iniciativa como exemplo de bioeconomia e valorização da identidade amazônica.

“Estamos escancarando as portas do Acre para o Brasil e o mundo. Todo mundo fala em bioeconomia, em valorizar a floresta, mas o Acre já faz isso há muito tempo. O projeto Respira Acre é uma prova viva disso — com artesãos de Cruzeiro do Sul a Xapuri, passando por Sena Madureira, que mostram que a floresta pode gerar desenvolvimento com identidade”, afirmou.

Viana ressaltou o interesse de grandes marcas na produção local. “Quando o dono da Arezzo diz ‘eu quero essas biojoias do Acre nas minhas sandálias’, é sinal de que ganhamos o jogo. Isso aqui virou negócio. Tem peças maravilhosas nesta coleção, com potencial para conquistar o mercado de luxo — e já está conquistando. Mas agora é preciso ter escala. O trabalho da ApexBrasil junto ao Sebrae e à Assintecal mostra que quando a gente se une, o Acre aparece, e aparece bem. Onde eu estiver, o Acre estará junto”.

Participação indígena e protagonismo feminino

A coleção também abriu espaço para a produção artesanal de povos indígenas e comunidades tradicionais. A indígena Haweani Huni Kui, do município de Jordão, levou à exposição peças feitas em sua aldeia.

“Trouxemos um pouco da nossa arte e da nossa cultura: pulseiras, tiaras, colares. Produzimos tudo no nosso território. Estar aqui é muito especial, é bonito ver nossa cultura indígena reconhecida e apresentada para tanta gente”, disse.

Peças produzidas pela indígena Haweani Huni Kui compõem a coleção e representam a riqueza cultural dos povos originários do Acre. Foto Carina Castelo Branco

A artesã Iranilce Lanes, presidente da Associação Nossa Senhora dos Seringueiros, do Ateliê Florescer, localizado na Reserva Extrativista Chico Mendes, também participou do evento e celebrou o alcance e o impacto social do projeto.

“Somos 20 mulheres e esta é a terceira vez que participamos. Já estivemos em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Ver nossas matérias-primas (sementes, resíduos, elementos da floresta), estampadas em produtos de grandes marcas é a realização de um sonho.”

Ela também destacou o papel do projeto no fortalecimento das mulheres em comunidades extrativistas. “Somos nós, mulheres, que primeiro sentimos os efeitos das mudanças climáticas. Apoios como o da ApexBrasil e do Sebrae nos dão visibilidade, geram renda e nos fortalecem. Quando damos as mãos para manter a floresta em pé, todos ganham”.

Coleção é resultado de um trabalho desenvolvido ao longo de 2024 com 15 grupos de artesãos. Foto: Carina Castelo Branco

Além da cerimônia, o público teve acesso a um espaço imersivo onde pôde vivenciar a estética e os sentidos que compõem a identidade da coleção. A ambientação trouxe elementos da floresta, como aromas e texturas, reforçando o vínculo entre o produto final e o território de origem.

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