Marina Silva manifesta apoio a Raimundão e defende operação contra pecuária ilegal na Resex Chico Mendes

Após ameaças a liderança extrativista no Acre, governo federal reforça proteção à Resex Chico Mendes e destaca que operação mira grileiros e desmatadores, não comunidades tradicionais.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, manifestou apoio público a Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, liderança extrativista do Acre e primo de Chico Mendes, após a intensificação de ameaças e ataques contra ele e sua família nos últimos dias.

Os ataques se intensificaram após o início da “Operação Suçuarana”, deflagrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no dia 5 de junho, com o objetivo de combater a criação ilegal de gado na Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada em Xapuri, no interior do estado.

“Manifesto meu apoio e minha solidariedade a ele, sua família e a todos da comunidade”, declarou Marina Silva, por meio de nota oficial. “Infelizmente, uma rede de desinformação e ataques vem sendo dirigida à honra e à família do Raimundo Mendes de Barros”, afirmou a ministra.

A operação, atua com o apoio da Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Exército Brasileiro, Ministério Público Federal, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre e do Batalhão de Policiamento Ambiental do Acre, e tem como alvo principal posseiros ilegais e grileiros que expandem irregularmente a pecuária dentro da unidade de conservação.

Segundo Marina Silva, a ofensiva do governo não se volta contra os moradores tradicionais da reserva. “As ações não se dirigem às comunidades extrativistas regulares, legalmente reconhecidas e comprometidas com o uso sustentável da floresta, mas sim a grileiros e criadores de gado irregulares, que vêm gerando desmatamento, degradação ambiental e conflitos sociais.”

A Resex Chico Mendes é hoje a unidade de conservação federal mais desmatada do país, com mais de 385 km² devastados entre 2019 e 2024, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A pecuária ilegal é apontada como principal causa desse avanço. A atuação do ICMBio tem incluído a retirada de gado de áreas embargadas, aplicação de multas, embargos de fazendas clandestinas e a proteção de áreas vulneráveis da floresta.

Raimundão, liderança histórica da Resex Chico Mendes, recebeu apoio da ministra Marina Silva após sofrer ameaças e difamações por apoiar ações de combate à pecuária ilegal na reserva. Foto: Reprodução

O nome de Raimundão, que é presidente da Associação dos Produtores e Produtoras Agroextrativistas do Seringal Floresta e Adjacência (ASPAFA), passou a ser envolvido em campanhas de difamação, com falsas associações às operações de fiscalização. A ministra ressaltou que o governo federal está ciente dos ataques e que há forças de segurança no local para garantir a integridade de servidores públicos, lideranças locais e comunidades ameaçadas, como é o caso do líder extrativista.

Organizações como a CUT-AC, o Comitê Chico Mendes, o Coletivo Ateliê da Floresta e o próprio Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) já haviam manifestado solidariedade à liderança. A filha de Raimundão, Raiara Barros, também denunciou o clima de medo vivido pela família. “É um medo extremo que toma conta da gente”, afirmou em entrevista recente ao jornal Varadouro.

A manifestação pública de Marina Silva reforça o posicionamento do governo federal em defesa das populações tradicionais da Amazônia e da integridade de quem luta pela preservação da floresta. “Fiscalizar não é violência. É uma obrigação legal voltada à preservação ambiental e à garantia dos direitos das comunidades extrativistas”, reforçou a ministra.

A Resex Chico Mendes foi criada em 1990 como símbolo da luta ambiental travada por Chico Mendes, assassinado dois anos antes. A proteção do território e de suas lideranças é vista por ambientalistas como essencial para manter vivo o legado do seringueiro e defender os princípios que deram origem às reservas extrativistas no Brasil.

Confira nota da Ministra na íntegra

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) iniciou, dia 5 de junho, na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, a Operação Suçuarana, para combater atividades ilegais, em especial a criação irregular de gado, principal causa do desmatamento na unidade, atualmente a mais desmatada entre todas as unidades federais de conservação do país.

A Operação conta com o apoio da Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Exército Brasileiro, Ministério Público Federal, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF) e do Batalhão de Policiamento Ambiental do Acre (BPA). O objetivo é retirar bovinos de áreas embargadas e de posseiros que ocupam a unidade de forma ilegal, em desacordo com o plano de manejo e as normas da reserva.

Infelizmente, uma rede de desinformação e ataques vêm sendo dirigidos à honra e à família do Raimundo Mendes de Barros, conhecido como Raimundão, primo de Chico Mendes e importante liderança da Resex.

Manifesto meu apoio e minha solidariedade à ele, sua família e a todos da comunidade.

Importante lembrar que as ações não se dirigem às comunidades extrativistas regulares, legalmente reconhecidas e comprometidas com o uso sustentável da floresta, mas sim a grileiros e criadores de gado irregulares, que vêm expandindo ilegalmente a pecuária na região, gerando desmatamento, degradação ambiental e conflitos sociais.

Informo ainda que estão no local forças de segurança para garantir a integridade de servidores públicos, lideranças locais e das comunidades extrativistas ameaçadas, como é o caso de Raimundão e sua família.

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