Adolescente morre após esperar dias por atendimento no Acre, e deputado denuncia: “Não pode morrer à míngua”

Edvaldo Magalhães critica atendimento no Hospital de Feijó e cobra visita de deputados à unidade durante caravana pela BR-364.

O deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) se pronunciou nesta segunda-feira (20), durante sessão da Assembleia Legislativa (Aleac), sobre a morte do adolescente Diogo de Souza Albuquerque, ocorrida no domingo (18), em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre.

Morador de Feijó, o jovem sofreu um ferimento na perna após cair de bicicleta e passou vários dias em busca de atendimento adequado no Hospital Geral do município, sendo transferido para uma unidade de maior complexidade apenas quando seu estado já era crítico. Diogo morreu em decorrência de sepse associada a celulite infecciosa.

Segundo relato do parlamentar, o adolescente foi levado inicialmente à unidade de saúde no Dia das Mães, onde recebeu os primeiros cuidados e teve pontos no ferimento. Como o hospital não tinha o medicamento necessário, a família precisou comprá-lo por conta própria. Dias depois, com o agravamento do quadro — dor intensa e inchaço —, o adolescente retornou ao hospital, mas foi novamente liberado.

“A mãe chegou a fazer a mochila e levar o filho para o hospital, exigindo que ele fosse internado”, contou Edvaldo. Após insistência da família, Diogo foi internado, mas a transferência para o Hospital Regional de Cruzeiro do Sul demorou. Ainda de acordo com o deputado, a regulação levou mais de duas horas para autorizar a remoção, mesmo após outro profissional perceber a gravidade do caso.

“Quando a equipe chegou, o garoto já precisou ser entubado. Era tarde demais”, afirmou Magalhães.

O parlamentar classificou o atendimento como negligente e criticou a estrutura do Hospital Geral de Feijó, que, segundo ele, passa por situação “caótica”. Ele sugeriu que todos os 24 deputados estaduais visitem a unidade de saúde durante a Caravana da BR-364, marcada para o próximo dia 5 de junho.

“O problema de saúde em Feijó já foi discutido várias vezes. É inadmissível que alguém com uma infecção gravíssima receba alta três vezes. Um médico implorar por duas horas por um TFD [Tratamento Fora de Domicílio] é inaceitável. Um adolescente não pode morrer à míngua porque caiu de bicicleta”, disse, emocionado.

Sesacre nega negligência

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) manifestou pesar pela morte de Diogo, mas negou qualquer negligência por parte das equipes médicas.

“O caso apresentava um quadro infeccioso severo, de rápida evolução, e todas as medidas cabíveis foram adotadas com agilidade e responsabilidade pelas equipes das duas unidades. O atendimento foi feito de forma contínua, com suporte médico e de uma equipe multiprofissional”, afirmou a pasta.

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