Estudo inédito mapeia 92 espécies de peixes em igarapés da Floresta do Antimary no Acre

Conduzida por pesquisadores da UFAC, o estudo revela espécies raras e endêmicas, reforça a importância dos pequenos cursos d’água para a biodiversidade amazônica e alerta para ameaças causadas por atividades humanas.

Um levantamento inédito conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (UFAC) identificou 92 espécies de peixes nos igarapés da Floresta Estadual do Antimary, localizada entre os rios Purus e Antimary, no Acre. Destas, 58 espécies foram registradas dentro da unidade de conservação, um marco para a ciência acreana e amazônica.

O estudo foi realizado como atividade da disciplina de Ecologia de Campo do extinto Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (PPG-EMRN) da UFAC. A pesquisa teve apoio do Laboratório de Ictiologia e Ecologia Aquática (Ictiolab), sob coordenação do professor Lisandro Juno Soares Vieira, e contou com a participação de pesquisadores da UFAC, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), incluindo estudantes de graduação, mestrandos e doutores.

Anablepsoides hoetmeri, espécie descrita e ocorrente apenas no estado do Acre na bacia do rio Juruá.

A investigação ressalta a importância dos ambientes aquáticos de pequeno porte, como os igarapés, na manutenção da biodiversidade amazônica. Entre as espécies identificadas estão o cará (Apistogramma acrensis), de distribuição extremamente restrita, e o peixe-da-nuvem (Anablepsoides hoetmeri), cuja área de ocorrência foi ampliada para além da bacia do rio Acre.

Também foram documentadas espécies de relevância ecológica, alimentar e cultural, como piabas, bodós, cascudos, tambuatá, bagres (como o jundiá), traíra, jeju e sarapós. Essas informações fortalecem a base científica necessária para ações de conservação e manejo sustentável dos recursos naturais.

Para Mariana Costa Fratari, estudante de Biologia da UFAC e bolsista do Ictiolab, os igarapés funcionam como refúgios de biodiversidade: “Esses ambientes abrigam muitas espécies endêmicas e são essenciais para a saúde dos ecossistemas”.

Amostras revelam riqueza ecológica dos pequenos cursos d’água da Floresta Estadual do Antimary.

O estudo também alerta para ameaças crescentes à integridade desses habitats, como desmatamento, queimadas e pesca predatória. Segundo Lucas Pires de Oliveira, doutorando da UFPA e autor principal da pesquisa, “essas mudanças podem afetar espécies sensíveis e até levar à extinção local de peixes que ocorrem apenas em áreas muito restritas da Amazônia”.

De acordo com os pesquisadores, os resultados reforçam a necessidade de incluir os igarapés nos planos de conservação e gestão ambiental da região. Ao mapear cientificamente a fauna aquática local, a pesquisa oferece subsídios importantes para políticas públicas, educação ambiental e engajamento da sociedade na proteção da biodiversidade.

A investigação também destaca o papel estratégico da universidade pública na produção de conhecimento e na promoção de ações concretas em defesa da floresta e da qualidade de vida na Amazônia.

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