Com sistema de abastecimento em crise, prefeitura de Rio Branco anuncia aumento na conta de água

De acordo com o planejamento, a tarifa mínima residencial subirá para R$ 37,50 em maio e para R$ 38,37 em junho.

Apesar dos problemas recorrentes no fornecimento de água em Rio Branco, a prefeitura anunciou um reajuste de 4,76% nas tarifas cobradas pelo Serviço de Água e Esgoto da capital (Saerb). O aumento será aplicado de forma escalonada nos meses de maio e junho, conforme comunicado na última sexta-feira (11).

O aumento, segundo a administração municipal, segue o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação e a variação de preços de produtos e serviços no país. De acordo com o planejamento, a tarifa mínima residencial subirá para R$ 37,50 em maio e para R$ 38,37 em junho. O último reajuste havia sido feito em janeiro de 2024, após 15 anos sem atualização, conforme informou a prefeitura.

O escalonamento será aplicado em duas etapas:
• Maio: aumento de 2,38%, com a tarifa mínima residencial chegando a R$ 37,50;
• Junho: novo aumento de 2,38%, elevando a tarifa mínima para R$ 38,37.

O anúncio do reajuste, no entanto, vem em um momento delicado para a população, que enfrenta constantes interrupções no abastecimento. Em 2024 e 2025, o sistema colapsou diversas vezes, impactando diretamente o cotidiano de centenas de milhares de moradores.

A capital é abastecida por duas estações de tratamento, a ETA I e a ETA II, que juntas atendem cerca de 380 mil pessoas. A ETA II, responsável por cerca de 60% da água distribuída, sofreu com um desabamento em julho do ano passado, consequência de erosões agravadas pela enchente do Rio Acre. O problema comprometeu o abastecimento em mais de 50 bairros.

No início de março deste ano, uma nova enchente do Rio Acre voltou a prejudicar a ETA II. A força da correnteza, aliada ao acúmulo de balseiros, danificou bombas de captação e paralisou o sistema. A situação se repetiu na ETA I, que teve equipamentos levados pelas águas do rio, deixando pelo menos 300 mil pessoas sem água, quase toda a cidade.

O retorno parcial do funcionamento das estações iniciou no dia 17 de março, com apenas 67% da capacidade total em funcionamento. Contudo, bairros inteiros seguem enfrentando dificuldades para receber água nas torneiras.

Recursos federais e promessas

Diante do cenário de crise, o governo federal liberou R$ 9,5 milhões para aquisição de novas bombas centrífugas. Outros R$ 17 milhões já haviam sido anunciados em dezembro do ano passado para obras de reconstrução da ETA II. Parte dos recursos começou a ser aplicada com a instalação de novas bombas e a chegada de tubulações no fim de março.

O envio dos recursos foi viabilizado após o reconhecimento da situação de emergência em Rio Branco, formalizado no Diário Oficial da União. A prefeitura afirma que as medidas são parte de um plano para modernizar o sistema e evitar novos colapsos, mas a população segue convivendo com falhas graves e incertezas sobre a regularidade no fornecimento.

Histórico de gestão

O sistema de abastecimento da capital já esteve sob responsabilidade do governo estadual, por meio do Departamento de Água e Saneamento do Acre (Depasa), entre 2012 e 2021. No início da gestão do prefeito Tião Bocalom (PL-AC), o controle foi retomado pelo município após novo acordo com o governador Gladson Cameli (PP), restabelecendo o Saerb como operador local do serviço.

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