O reconhecimento é resultado de uma mobilização iniciada há 19 anos.
O Kene Kuĩ, grafismo tradicional do povo Huni Kuĩ (Kaxinawá), foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A decisão foi aprovada durante a 107ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada no dia 25 de março.
Chamados de “desenho verdadeiro”, os grafismos Kene Kuĩ são um dos principais elementos da identidade cultural Huni Kuĩ e estão presentes em tecelagens, cestarias, pinturas corporais e cerâmicas. Segundo a tradição, o conhecimento é passado de geração em geração pelas mulheres do povo, que desempenham o papel de “aïbu keneya” (mestras do desenho), transmitindo os saberes por meio de práticas orais, cânticos e rituais.
O reconhecimento é resultado de uma mobilização iniciada há 19 anos, liderada pela Federação do Povo Huni Kuĩ do Acre (FEPHAC). O processo contou com a participação de pesquisadores, mestras, organizações indígenas e instituições como a Comissão Pró-Indígena do Acre (CPI-Acre).
“É uma luta de muitos anos e um sonho coletivo realizado. Hoje o Iphan entregou o produto final que é o reconhecimento pelo estado brasileiro da nossa manifestação cultural”, disse o presidente da FEPHAC, Cacique Ninawa Huni Kuĩ.
A decisão também fortalece a luta contra a apropriação indevida dos grafismos Huni Kuĩ, denunciada há anos pelo povo indígena. Com o registro oficial, o Kene Kuĩ passa a ser protegido como bem cultural imaterial do Brasil, garantindo a preservação e a transmissão desse conhecimento para as futuras gerações.